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Ambientalistas veem com descrença "fala vazia" de Bolsonaro

23 de abril de 2021

ONGs criticam discurso do presidente na cúpula climática. Para entidades, pronunciamento teve "promessas vazias" e metas impossíveis de serem cumpridas "pela sua política de destruição".

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Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e Bolsonaro durante cúpula
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e Bolsonaro durante cúpulaFoto: Marcos Corrêa/PR

O discurso do presidente Jair Bolsonaro na conferência sobre o clima organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi recebida com críticas e desconfiança por grupos ambientalistas. As entidades acusaram Bolsonaro de não ter apresentado medidas concretas para proteger a Floresta Amazônica. As "promessas vazias" de redução das emissões de gás de efeito estufa foram vistas como uma oportunidade perdida.

Bolsonaro disse em seu pronunciamento que o Brasil se tornará climaticamente neutro até 2050 – antecipando em dez anos a meta brasileira anterior, que era até 2060. Além disso, afirmou que o governo aumentará os controles ambientais a fim de zerar o desmatamento ilegal até 2030.

Ele disse ser "preciso haver justa remuneração pelos serviços ambientais prestados por nossos biomas ao planeta como forma de reconhecer o caráter econômico das atividades de conservação".

"Sem medida concreta"

Sergio Leitão, da organização ambientalista Instituto Escolhas, disse em entrevista à agência de notícias alemã KNA que o Brasil perdeu a chance de se livrar de sua imagem ruim nas questões ambientais. Ele ressaltou que, por um lado, Bolsonaro "não anunciou uma única medida concreta"; e por outro, não disse "como o pouco que prometeu poderá ser ser alcançado".

"Só o fato de Bolsonaro ter sido convidado foi um aspecto interessante", disse Marcio Astrini, do Observatório do Clima. "Porque ele sequer merecia o convite", afirmou, lembrando que Biden já tinha deixado a conferência quando Bolsonaro finalmente fez seu discurso. "O fato de Bolsonaro ter falado em desmatamento zero foi um absurdo. Em seus dois anos de mandato, o desmatamento aumentou 47% sem ter havido controle algum. A Amazônia foi entregue aos criminosos ambientais”.

"Vergonha"

Astrini classificou o anúncio de que a fiscalização contra o desmatamento será intensificada de "uma vergonha". Ele lembrou que funcionários do Ibama acusaram o governo de conivência com madeireiros ilegais. Além disso, o governo o órgão de emitir multas desde outubro de 2019. "Bolsonaro fez o que sempre na cúpula do clima, ele mentiu e pediu dinheiro", acusou Astrini, acrescentando que o governo Bolsonaro até agora nada fez para salvar o clima.

A organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) denunciou o que chamou de "promessas vazias" de Bolsonaro, lembrando que "seu governo sabotou as agências ambientais, acusou sem provas organização da sociedade civil de crimes ambientais e enfraqueceu os direitos dos povos indígenas".

"Essas políticas têm contribuído para o aumento das taxas de desmatamento na Amazônia brasileira, um ecossistema vital para conter as mudanças climáticas", afirma a HRW, em comunicado.

"Metas impossíveis°

O Greenpeace reclama que o presidente apresentou "metas impossíveis de serem cumpridas pela sua política de destruição" e que, em sua fala, "como de costume, o presidente voltou a apresentar promessas vazias e contrárias a tudo que seu governo tem feito, enquanto colhemos os amargos frutos de sua política antiambiental".

O comunicado divulgado pela entidade destaca também que Bolsonaro "passou boa parte do tempo se vangloriando da posição de liderança do Brasil no debate ambiental por conquistas no passado e, pelo jeito, se esqueceu em falar o que aconteceu desde que assumiu o poder". A organização cita "o aumento do desmatamento e queimadas, o desmonte dos órgãos ambientais, a perseguição dos ativistas".

md (KNA, ots)