"Amada distante" no Beethovenfest 2017
8 de setembro de 2017O Beethovenfest de Bonn, festival anual que gira em torno da obra de Ludwig von Beethoven, tem início nesta sexta-feira (08/09) em seis palcos no centro da cidade natal do célebre compositor alemão. O concerto de abertura fica a cargo da Orquestra do Teatro Mariinsky, de São Petersburgo.
Seis grandes orquestras vão se apresentar, além de três ensembles especiais com instrumentos e execuções originais. Seja orquestra, seja música de câmara, tudo gira em torno de "fazer com que um fio condutor dramatúrgico atravesse cada programa", disse Nike Wagner, bisneta de Richard Wagner e diretora do Beethovenfest.
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Amores distantes
O ponto de partida histórico do lema deste ano, A amada distante, são os anos entre 1814 e 1816, um tempo de crise na vida de Beethoven. Após um período de grande criatividade e obras bem-sucedidas, o compositor quase já completamente surdo e cada vez mais solitário se voltou para dentro. Um resultado dessa reorientação foi À amada distante, o primeiro ciclo de Lieder (plural de Lied, termo usado para canções líricas breves para solista e – geralmente – piano) da história, seguido de uma explosão de produtividade: o período criativo tardio de Beethoven é caracterizado por obras radicalmente intransigentes e revolucionárias.
Também ligada à essa mudança na vida do compositor está a lendária "amada imortal", a destinatária desconhecida de uma carta de amor apaixonada que Beethoven escreveu em 1812. Até hoje, os pesquisadores de música não estão de acordo sobre quem ela seria, entre as muitas mulheres na vida do compositor.
Em dois gêneros – Lied e madrigal – a tematização do amor é especialmente forte. Ambos estão representados na programação, por exemplo, pelo "Dia do Lied", que será apresentado pelo pianista e musicólogo alemão Siegfried Mauser. Isso, de acordo com Wagner, é um exemplo de como o festival também se propõe a aprofundar temas. Segundo a diretora do festival, o tema "amor distante" se dirige ao "interior" dos espectadores, um espaço que "não deve ser perdido e deve ser protegido nos tempos tumultuados de hoje".
Música de câmara
Isso se expressa nas várias apresentações de música de câmara, que, em comparação com os concertos orquestrais, oferecem uma experiência auditiva mais íntima, intensa e desafiadora – por exemplo, num Fim de semana de quarteto de cordas, quando os visitantes poderão ouvir todos os quartetos de cordas do período criativo tardio de Beethoven.
Mas o festival também traz grandes nomes do cenário internacional de orquestras, como a Sinfônica de Bamberg, dirigida pelo maestro tcheco Jakub Hrůša ou a Orquestra Sinfônica da BBC, com regência de Sakari Oramo. Elas também incluíram em suas apresentações obras que giram em torno dos temas amor e saudade. Entre os famosos artistas solo e de música de câmara estão o pianista russo-alemão Igor Levit, o renomado especialista holandês em fortepiano Ronald Brautigam e o compositor de Lieder Matthias Goerne.
Não somente música clássica
Três noites com dança contemporânea, uma noite literária com a jornalista e política alemã Christina Weiss e uma extensa programação para crianças denominada Ludwig + Du (Ludwig + você) estão entre os eventos que vão diversificar as opções do festival Beethovenfest.
Um experimento sensorial também terá lugar no festival: durante três dias, um pianista diferente vai tocar a cada meia hora num piano de cauda instalado dentro de um imenso cone no pátio da Universidade de Bonn. Os passantes poderão assistir às apresentações sentados, em pé ou mesmo em movimento.
A DW vai gravar este ano oito apresentações do festival, que serão transmitidas na série Concert Hour por parceiros de mídia em países fora da Europa. Uma série de músicas poderá ser ouvida por streaming ou podcast em dw.com/beethovenfest.