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Alto preço do petróleo ainda não preocupa especialistas

Rolf Wenkel (ca)25 de julho de 2006

A escalada do conflito no Oriente Médio provocou recordes na elevação do preço do petróleo. Muitos especialistas, entretanto, não demonstram sinais de preocupação quanto a suas conseqüências para a economia.

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Conflito no Oriente Médio faz preço do petróleo subirFoto: AP

O preço do petróleo atingiu um novo recorde em meados de julho deste ano – 78,40 dólares o barril. Ao contrário da crise de 1973, quando o primeiro choque provocado pela brusca elevação do preço do barril levou muitos países à recessão, diversos especialistas acreditam que o atual aumento de preço não representa nenhum perigo para a conjuntura e o crescimento mundial.

"Macroeconomicamente, adaptar-se ao alto preço do petróleo representa, é claro, um peso para uma economia como a alemã", comenta Michael Heise, economista-chefe do grupo de seguros Allianz.

"Após os fortes aumentos de 2005 e também deste ano, acredito todavia que este processo de adaptação já se encerrou. Avaliando de forma conjuntural, o principal fator determinante será agora a variação do preço do barril. Se o preço se estabilizar em 75 dólares, ele não será elemento de desaceleração da dinâmica conjuntural", acrescenta Heise.

Prognósticos econômicos não precisam ser corrigidos

Devido ao aumento do preço do petróleo, os principais institutos econômicos também não vêem razão para corrigir seus prognósticos econômicos para 2006, elaborados no início do ano. Por uma questão de segurança, eles já haviam trabalhado, na ocasião, com um preço de 65 dólares o barril (159 litros).

Schlechtwettervorhersage
Institutos não precisam corrigir seus prognósticosFoto: Bilderbox

"A Confederação das Câmaras de Indústria e Comércio da Alemanha (DIHK) mantém a sua previsão relativamente otimista de 2% para o crescimento da economia do país em 2006. No começo do ano, o alto preço do petróleo já era reconhecível e, por isto, incluído nos nossos prognósticos", comenta Axel Nitschke, economista-chefe da DIHK.

Devido à enorme demanda com o rápido crescimento das economias asiáticas, a maioria dos institutos já supunha um aumento do preço do petróleo. E agora se junta a ele um novo acréscimo. O prêmio de risco para a situação precária do Oriente Médio faz com que o petróleo se torne tão caro que alguns políticos alemães já sugeriram a liberação das reservas estratégicas do país.

Reservas estratégicas ainda não devem ser liberadas

Alguns especialistas discordam completamente de uma eventual liberação das reservas. "Eu não aprovaria uma liberação das reservas no atual momento. O uso delas deve ser condicionado a situações difíceis de fornecimento, o que não é o caso agora, estando inclusive a quantidade de reservas relativamente alta no momento", acrescenta Michael Heise, do grupo Allianz.

Também Axel Nitschke, da DIHK, rejeita uma liberação das reservas. "Considero tal exigência errônea e prematura. O atual problema não é de fornecimento, mas de receio dos mercados de que haja problemas de fornecimento. Seria cedo demais para renunciar às reservas em uma situação como esta", afirma o economista.

A explicação para o fato de a maioria das economias poder lidar melhor hoje do que antigamente com os choques provenientes do aumento do preço do petróleo é bastante diversa. Em primeiro lugar, a prosperidade da economia mundial. Embora as empresas tenham que pagar um preço alto pela energia, elas também vêem sua receita ampliada devido ao aumento da demanda.

Além disso, "é importante o fato de que haja uma grande oferta de produtos de países como a China, entre outros, cujos artigos muito baratos fazem com que não tenha havido espaço, até agora, para um desenvolvimento inflacionário", afirma Nitschke, explicando que "este é um motivo fundamental para a absorção, relativamente boa, do aumento do preço do petróleo por parte da economia mundial".

Economia alemã lucra com o alto preço do petróleo

Containerterminal Hamburg
Economia alemã chega a lucrar com o aumento do preço do petróleoFoto: AP

O economista-chefe do grupo Allianz acrescenta: "Outros fatores também colaboraram, como os juros baixos e a elevação bastante moderada dos salários, para que a elevação do preço do petróleo dos últimos anos não tenha estrangulado totalmente a economia". Hoje, em especial a economia alemã pode lidar muito bem com o alto preço do barril, pois as empresas aprenderam a "produzir de forma energética bem menos intensiva do que nos anos de 1970", explica Nitschke, da DIHK.

Analisando rigorosamente, as empresas alemãs chegam até a lucrar com o elevado preço do petróleo, comenta Heise: "É um efeito colateral, a receita dos países exportadores de petróleo cresceu maciçamente e cresceu também a demanda por produtos alemães em muitos países, de forma que chegamos em parte a lucrar com este aumento do preço do petróleo através do mercado exportador".

Isto vale principalmente para o setor alemão de máquinas e equipamentos. Este setor lucra sobretudo com a "reciclagem dos petrodólares". Ao todo, as exportações alemãs para a Rússia, um importante fornecedor de petróleo e gás natural, aumentaram 15% no ano passado. Para os países-membros da Opep, o aumento das exportações alemãs chegou a 18% em 2005.