Algumas dicas para proteger os smartphones de espiões
10 de novembro de 2013Quando se trata da proteção da privacidade, sabe-se há tempos que os smartphones trazem um significativo risco para seus usuários. Mas foi necessário o escândalo envolvendo a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA para que esse risco fosse levado a sério. Só agora muitas pessoas estão se perguntando sobre o grau de segurança de seus dados pessoais quando usam um smartphone.
"Sabemos há anos que, do ponto de vista da segurança, toda a infraestrutura de nossa rede de telefonia celular é completamente inútil. E isso sempre foi usado pela polícia e pelos serviços secretos, o que não é segredo para ninguém", diz o jornalista Jürgen Schmidt, editor-chefe do portal Heise Security.
Quem quiser recorrer à criptografia de dados para tentar proteger seu smartphone tem que primeiro superar um obstáculo logístico. "Para utilizar a criptografia, é necessário que a pessoa do outro lado da linha também a utilize. Não basta que só você codifique seus dados", explica Schmidt.
Opções e dicas de segurança
Desde os escândalos envolvendo espionagem de dados, muitas pessoas estão dispostas a fazer algo para proteger seus dados pessoais. E o mercado tem respondido a essa demanda com um crescente número de aplicativos (os chamados apps) de segurança para celulares. Com tantas ofertas, as pessoas têm que ficar atentas às características específicas desses aplicativos, aconselha o consultor Jürgen Fricke, especialista em comunicações.
Em primeiro lugar, o app deve ter sido programado de acordo com o princípio do código aberto, ou seja, o código fonte deve ser visível a todos. Só é possível garantir segurança quando se sabe tudo o que o app faz e, para isso, é necessário ter acesso ao código fonte. "Isso pode parecer um pouco paradoxal para um leigo, mas é exatamente o que precisamos", diz Fricke.
Diversos programas gratuitos seguem o princípio do código aberto. Para proteger o celular, Fricke recomenda programas como Text Secure, que criptografa mensagens multimídia e de texto, e o Chat Secure, segundo ele mais seguro do que programas de troca de mensagens como o WhatsApp.
Programas gratuitos para a criptografia de voz no exato momento em que se fala ao telefone ainda estão em desenvolvimento, diz Fricke. Para a troca de e-mails, ele recomenda softwares como K9 ou APG como uma boa solução para manter leitores indesejados longe da caixa de mensagens.
Junto com essas precauções, também é importante, assim como em qualquer outro computador, manter o smartphone sempre livre de vírus, lembra o especialista.
Sobre qual dos três meios de comunicação móvel – chamada telefônica, SMS ou serviços via internet – é o mais seguro, Fricke recomenda o último, desde que criptografado, é claro.
Perigo vem também dos criminosos
Para um cidadão comum, os maiores perigos não vêm dos serviços secretos, mas de criminosos. "Um exemplo são os navegadores de internet: os criminosos fazem uso de pequenas falhas nos programas – que com frequência existem há anos e, curiosamente, nunca são corrigidas", diz Fricke.
Fricke supõe que justamente as autoridades de segurança sejam responsáveis por esse desleixo – elas agiriam em comum acordo com os desenvolvedores para deixar, de propósito, algumas frestas nos navegadores. "E os criminosos sabem disso e dizem: 'ótimo, enquanto eles não fecharem essas lacunas por razões estratégicas, podemos continuar atuando' – é assim que funciona esse horrendo mercado."
Essa teoria de ares conspiratórios também é sustentada por Schmidt. "De um ponto de vista técnico, seria possível melhorar os padrões de segurança. Mas o problema seria que, nesse caso, também a polícia, os serviços secretos e as agências de segurança não conseguiriam mais ter acesso quando fosse necessário, algo que, aparentemente, ninguém quer."
Por isso é tanto mais importante, dizem os especialistas, complicar a vida dos bisbilhoteiros de todas as maneiras possíveis.