Alemanices: Sapatos fora de casa
10 de março de 2017Os convidados estavam chegando. E não me importei em recebê-los de vestido novo, meia calça... e chinelo havaianas.
Os sapatos, que também eram novos, ficaram do lado de fora mesmo. Por osmose ou educação, peguei o costume, que, na verdade, é nada mais do que uma forma de higiene.
Por aqui, assim como na Áustria e na Suécia, por exemplo, a maioria das pessoas prefere não entrar com calçados em casa. O principal motivo é não trazer sujeira, restos de neve, bactérias e germes presentes na sola dos sapatos.
Já nos primeiros degraus antes da entrada do apartamento que dividi com um casal de alemães, me deparava com o aviso: "Por favor, tire seus sapatos aqui." No frio de -1 grau no corredor, era um pouco ruim pisar no chão frio ou vestir os sapatos de volta depois de ficarem bem gelados.
Mas achava muito fofo ver na frente do apartamento dos vizinhos os sapatos da família completa: pai, mãe e a filha de quatro anos. Na porta, o aviso: "Schuhe aus, bitte!" ("tire os sapatos, por favor").
Pequenas sapateiras de madeira ficam do lado de fora em frente à porta ou logo na entrada da casa. Quando tem festa em alguma república de estudantes, as dezenas de pares vão ficar todas amontoadas e misturadas mesmo.
Nem todos na Alemanha adotam esse hábito, por isso, vale perguntar se deve ou não tirar os sapatos. Alguns moradores têm um kit com pares de pantufas de vários tamanhos para as visitas se sentirem mais confortáveis.
Nem todos têm esses sapatinhos, então é sempre bom checar se o par de meias está correto ou se não há nenhum furo para evitar constrangimentos. Sim, você vai sair de casa e pensar: "acho que vou levar meus chinelos" ou "vou levar uma meia extra para não passar frio" antes de ir para um jantar na casa dos seus amigos. Durante a festa, não importa a produção, a regra é descer do salto.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há três anos na Alemanha.