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Alemanha tem recorde de crimes de extrema direita

Alex Berry
4 de maio de 2021

Em 2020 houve 23 mil delitos ligados ao extremismo de direita, número mais alto desde 2001, quando a polícia alemã começou a manter registros desses crimes. "A maior ameaça para a segurança da Alemanha", diz ministro.

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Seis fotos penduradas em uma placa e muitas flores embaixo. Uma mulher de máscara observa. Um homem passa de bicicleta.
Fotos e flores lembram as vítimas de um ataque extremista em Hanau, no ano passadoFoto: Hans Brandt/DW

Os crimes de motivação política cresceram 8,5% na Alemanha em 2020 em comparação com o ano anterior, e aqueles cometidos pela extrema direita bateram recorde. Os dados foram apresentados nesta terça-feira (04/05) pelo ministro do Interior da Alemanha, Horst Seehofer.

"Os crimes com motivação política estão aumentando significativamente", disse o ministro.

Seehofer afirmou ser especialmente preocupante o aumento da incidência de crimes cometidos por extremistas de direita, como o assassinato de nove pessoas de origem estrangeira na cidade de Hanau, em fevereiro do ano passado.

Para o ministro, os dados são muito "preocupantes" porque mostram uma tendência perigosa, apesar de representarem apenas cerca de 1% de todos os crimes.

O número de incidentes motivados pelo extremismo de direita é o maior desde que a polícia alemã começou a manter registros de crimes de motivação política, em 2001.

No ano passado, 23.064 crimes foram contabilizados como motivados pelo extremismo de direita, um aumento de 5,7% em relação ao ano anterior.

Além disso, os extremistas de direita são responsáveis pela maioria dos crimes violentos – foram 13 vítimas de tentativas de crimes violentos, além das 11 pessoas mortas em Hanau (nove pessoas de origem estrangeira, além do próprio atirador e a mãe dele).

"O aumento de crimes violentos em 18,8%, para um total de 3.365 incidentes, é particularmente ruim", disse o ministro Seehofer. "Isso mostra o que venho dizendo desde o início da minha gestão, que o extremismo de direita é a maior ameaça para a segurança em nosso país, já que a maioria dos crimes racistas é cometida por pessoas desse espectro."

Aumento "vergonhoso" do antissemitismo

Dos incidentes criminais classificados como "crimes de expressão" – incluindo discurso de ódio e propaganda –, a grande maioria (65%) foi considerada como procedente de extremistas de direita.

O discurso de ódio antissemita também teve um aumento, com um crescimento de 15,7% nos incidentes, muitos dos quais realizados online.

"O ódio antissemita é um componente central da ideologia extremista de direita. Isso na Alemanha não é apenas preocupante, mas, no contexto de nossa história, profundamente vergonhoso", disse o ministro.

Seehofer também citou os protestos contra as restrições impostas pelo governo para conter a pandemia de covid-19 organizados pelo movimento chamado Querdenken ("pensamento lateral").

O ministro disse que, nesses protestos, as pessoas exercem seu direito de se expressar em uma democracia, mas a polícia teve dificuldades em distinguir manifestantes civis de extremistas.

Cerca de 3.500 incidentes criminais foram associados aos protestos do Querdenken, incluindo 500 crimes violentos. Além disso, dos 1.260 incidentes criminais relatados contra jornalistas, 112 foram relacionados a protestos contra as restrições impostas pelo governo para conter a pandemia.

Crimes violentos de extrema esquerda também em alta

Os crimes cometidos por pessoas da extrema esquerda também aumentaram em 11%, com um crescimento de 45% no uso da violência.

O ministro mencionou o grande número de "crimes de confronto", que, segundo ele, são frequentemente perpetrados por extremistas de esquerda, como a participação em contramanifestações às marchas do Querdenken.

Apesar do foco no extremismo de direita pela quantidade de crimes e a ameaça que eles representam, Seehofer afirmou que o Ministério do Interior alemão também manterá seus olhos no extremismo de esquerda – assim como no extremismo islâmico.