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Esporte

Alemanha tem na Suécia adversário ideal para sair da crise

22 de junho de 2018

Sob pressão para evitar fiasco histórico, a "Nationalelf" enfrenta uma seleção sem velocidade e de ritmo cadenciado. As lacunas defensivas contra o México não devem se repetir devido à filosofia de jogo dos escandinavos.

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Muita conversa para corrigir erros: a seleção da Alemanha precisa vencer a Suécia para evitar um fiasco história Foto: Reuters/A. Schmidt

Passado o choque da derrota inesperada na estreia para o México, a seleção alemã entra pressionada na segunda rodada do Grupo F da Copa do Mundo de 2018. Neste sábado (23/06), em Sóchi, a Alemanha busca desesperadamente a vitória para evitar um fiasco e manter vivas as chances de classificação. E a Suécia é o adversário ideal para a recuperação da Nationalelf.

A seleção sueca tem em suas qualidades a força física, a disciplina tática e a aptidão de manter a calma e a concentração em qualquer situação do jogo. Eram características que antes também distinguiam a mentalidade e a filosofia de jogo da equipe de Joachim Löw.

Mas os alemães – em condições normais e diferentemente do que tem sido apresentado nos jogos recentes – também ostentam um espírito competitivo. E o esquema tático da seleção da Suécia favorece o jogo alemão.

A Suécia atua num clássico esquema 4-4-2, com uma linha defensiva robusta e com jogadores altos e um meio-campo bem compacto, mais marcador e com dificuldades na criação. Na parte ofensiva, os suecos tem em Emil Forsberg, meia do RB Leipzig, o seu jogador mais talentoso. Os dois atacantes, Markus Berg e Ola Toivonen, são trombadores, e não velocistas.

A velocidade – ou a falta dela – pode ser o ponto-chave favorável à seleção alemã. A Nationalelf tem mostrado dificuldades quando o adversário escala três atacantes, aproveita as investidas ofensivas de Joshua Kimmich e consegue prender Toni Kroos numa função mais defensiva. As lacunas e a catastrófica recomposição defensiva mostradas contra o México não devem se repetir contra a Suécia – não porque o problema foi resolvido, mas por causa da filosofia de jogo dos escandinavos. 

Fußball WM 2018 Gruppe F Deutschland - Mexiko | Sami Khedira und Joachim Löw
O treinador Joachim Löw deve realizar algumas mudanças na equipe – uma delas, a troca de Khedira por Gündogan Foto: Getty Images/M. Hangst

Mudanças à vista 

Em uma Copa do Mundo com jogos muito brigados e um alto percentual de gols de bola parada, o plano de jogo da Suécia não deve fugir dessa máxima. E nem o da Alemanha, que deve aliar sua necessidade de impor o jogo e de forçar os suecos à própria área com o jogo aéreo e sua maior qualidade individual.

Segundo relatos da imprensa alemã, Joachim Löw treinou com exaustão cruzamentos e posicionamento em lances de bola parada – um indício de que o centroavante Mario Gómez possa ganhar uma chance.

Löw não é conhecido por ser um estrategista tático e revolucionar nas escalações. Ele costuma seguir suas convicções e a tendência, apesar de uma dass críticas ao futebol apresentado pela Nationalelf  ser justamente que ele não mexa tanto na equipe. Certa é a volta de Jonas Hector na lateral esquerda, depois de ter se recuperado de uma gripe.

As outras duas mudanças devem ser no meio-campo, com as saídas de Sami Khedira e Mesut Özil, dois medalhões e pilares da equipe campeã mundial no Brasil. Khedira e Özil foram muito apáticos contra o México, sobrecarregaram Kroos no meio e, consequentemente, contribuíram em deixar Mats Hummels e Jérôme Boateng demasiadamente expostos.

Ilkay Gündogan e Marco Reus devem assumir as vagas. Gündogan oferece maior dinâmica na saída de bola, enquanto Reus trás maior verticalização no jogo alemão. Especula-se ainda que Gómez ganhe a posição de Timo Werner.

"Temos que ser melhores em muitas coisas"

Mudanças táticas ou de jogadores pouco importam numa Copa do Mundo se a delegação de uma seleção tem problemas internos – a Argentina é provavelmente o melhor exemplo.

Por isso, o mais importante é que o ambiente na Nationalelf está aparentemente mais calmo. Os jogadores querem fazer melhor e tiveram longas conversas a portas fechadas.

"Temos que ser melhores em muitas coisas", disse o zagueiro Hummels. "Bolas paradas são muito importantes. Marcamos muitos gols desta forma também na Copa de 2014, acho que foram quatro sem contar pênaltis. Talvez consigamos fazer melhor do que contra o México, embora os suecos sejam mais fortes no jogo aéreo do que os mexicanos."

"Será importante que possamos colocar mais jogadores em ação dentro da grande área. Nossa ocupação de espaços na área adversária foi um tema discutido. Temos que tentar garantir que os meias ofensivos cheguem mais perto da área e não esperem lá fora por pelas bolas", explicou Hummels. "Talvez nossa experiência seja uma vantagem contra os suecos, mas não é uma garantia."

Russland schwedischer Journalist überreicht Khedira Rückflugticket
Jornalista sueco Ludvig Holmberg entregou passagens aéreas antecipadas para os jogadores da seleção alemãFoto: picture-alliance/dpa/U. Reitinger

Passagens aéreas e retrospecto

A Suécia certamente não pode ser subestimada. Nas Eliminatórias, os escandinavos eliminaram a Holanda, na fase de grupo, e a Itália, na repescagem. E isso sem sua maior estrela, Zlatan Ibrahimovic, que se aposentou da seleção depois de não conseguir classificar a Suécia à Eurocopa de 2016.

Mas motivação também não está em falta pelos lados da Alemanha. Se já não bastasse a vontade de calar os críticos na Alemanha e de buscar a classificação à fase mata-mata da Copa, os jogadores podem ter ganhado uma contribuição extra. Um jornalista do tabloide sueco Expressen resolveu provocar a Nationalelf e distribuiu 23 passagens aéreas – falsas, obviamente – aos jogadores alemães.

Mas o retrospecto é amplamente favorável à Alemanha, que nunca foi derrotada pela Suécia depois da Reunificação alemã. A última derrota foi em 1978, por 3 a 1, num amistoso em Estocolmo. Em Copas, a Nationalelf venceu em 1934 (2x1), em 1974 (4x2) e em 2006 (2x0), com dois gols de Lukas Podolski. Em 1958, em casa, os suecos eliminaram a Alemanha na semifinal, por 3 a 1 – em seguida, perderam a final para o Brasil.

Mesut Özil gegen Andreas Granqvist WM Quali 16.10.2012 in Berlin
Özil contra Andreas Granqvist no histórico 4 a 4, em 2012. Na Rússia, o sueco é capitão, enquanto o alemão perdeu espaço Foto: picture-alliance/dpa

Os últimos dois confrontos renderam impressionantes 16 gols. Alemanha e Suécia estiveram no mesmo grupo das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014. Em Berlim, em outubro de 2012, os alemães chegaram a vencer por 4 a 0, mas cederam o empate, levando o último gol aos 48 minutos do segundo tempo. Já em Estocolmo, no ano seguinte, chegou a estar perdendo por 2 a 0, mas virou para 5 a 3, com três gols de André Schürrle, um de Mario Götze e um de Mesut Özil.

Além disso, a sede russa de Sóchi traz boas recordações para a seleção alemã. Na Copa das Confederações, uma Nationalelf sem seus medalhões e liderada por Julian Draxler venceu todas as três partidas na cidade às margens do Mar Negro: 3 a 2 contra a Austrália; 3 a 1 contra Camarões; e 4 a 1 contra o México.

Nationalelf tem os duelos com Suécia e Coreia do Sul para evitar um fiasco que tem se repetido com frequência nos últimos Mundiais – a eliminação de um atual campeão já na fase de grupos.

Nas últimas quatro Copas, apenas o Brasil, em 2006, superou a primeira fase como detentor do título: em 2002, a França sucumbiu perante Dinamarca, Senegal e Uruguai; em 2010, a Itália alcançou a façanha de não vencer Paraguai, Eslováquia e Nova Zelândia; em 2014, a Espanha foi superada por Holanda e Chile.

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