Alemanha se opõe à estratégia de reforma do FMI
16 de setembro de 2006A Alemanha advertiu que não cederá no debate sobre a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) e sobre a redistribuição do peso dos países-membros dentro do grêmio. O presidente do Banco Central, Axel Weber, e o ministro das Finanças, Peer Steinbrück, exigiram neste sábado (16/09), em Cingapura, que se apresente primeiro uma concepção sobre a futura estrutura do fundo, para depois se conversar sobre seu financiamento.
Por ocasião da assembléia anual do FMI, realizada até dia 20 próximo em Cingapura, Steinbrück e Weber deixaram claro que a Alemanha não vai aceitar nenhuma restrição de sua influência no processo de redistribuição do direito de voto no FMI. Ambos exigem equilíbrio e garantias de futura segurança na redistribuição de poder dentro do grêmio.
Alemanha não sai perdendo na primeira fase das reformas
Na avaliação de Steinbrück, a reestruturação do direito de voto é a mais significativa reforma do FMI nas últimas décadas. A China, a Coréia do Sul, o México e a Turquia pretendem obter mais influência dentro do grêmio. No encontro de Cingapura, os ministros das Finanças dos 184 países-membros votam a proposta de aumentar a influência desses quatro países, sub-representados no grêmio em relação ao seu poder econômico.
Apesar da resistência, sobretudo da Índia e da América Latina, espera-se que a proposta seja aprovada. Bem mais difícil deverá ser um consenso sobre a nova cota para redistribuição dos direito de votos, a ser estipulada em 2008.
Steinbrück declarou que estaria até certo ponto de acordo com o aumento ad hoc para os países sub-representados, apesar de isso representar uma redução mínima da participação alemã: "Nossa influência não será menor, se nossa cota de participação cair de 6,1 para 5,95. Isso não é dramático."
"Estamos dispostos a contribuir para solucionar essa problemática ad hoc, a fim de cooperar com a China, a Coréia do Sul, o México e a Turquia", acrescentou Steinbrück. "Eles estão realmente sub-representados. Mas a questão realmente começa a ficar interessante na segunda etapa, quando se elaborar um projeto de reforma sustentável e de longo prazo com base na reestruturação das cotas."
Por exemplo, a cota de participação da China vai aumentar para 3,7% na primeira etapa. De acordo com o peso do país na economia mundial, essa cota deveria ser de 5%, algo a ser reajustado na segunda fase da reforma. A questão é quem vai perder influência por causa disso.
Participação na economia mundial não é tudo
A Alemanha também está sub-representada no FMI, em relação ao seu peso na economia mundial. Isso, sem falar que a participação alemã no comércio mundial está aumentando mais do que o próprio comércio mundial. Estes seriam argumentos para aumentar a cota alemã, ao contrário da proposta da direção do fundo.
As cotas não só definem a influência do país dentro do FMI, mas também regulamentam os chamados direitos especiais de saques (DES), ou seja, quanto um país pode emprestar do fundo, caso entre em crise econômica. Além disso, a cota é importante diante da função de vigilância do FMI, que observa em todo mundo os desenvolvimentos econômicos e financeiros e orienta os países-membros, a fim de prevenir crises econômicas.
A Alemanha é contra a proposta do diretor do FMI, Rodrigo Rato, segundo a qual os países do G7 deveriam renunciar ao aumento de suas cotas. Steinbrück e Weber também são contra a sugestão norte-americana de vincular a futura cota de participação ao produto interno bruto (PIB) do país. A posição alemã é a levar em conta o grau de abertura de uma economia e sua integração na economia mundial.
O país mais influente no FMI é os EUA, com uma cota de 17%. Como as decisões do grêmio dependem de uma maioria de 85%, os americanos gozam indiretamente de direito de veto. Com cerca de 6%, a Alemanha é o terceiro país mais influente do FMI.