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Alemanha relaxa proibição de símbolos nazistas em videogames

10 de agosto de 2018

Entidade reguladora autoriza que suásticas e outras representações do Terceiro Reich sejam exibidas em jogos. Regras anteriores obrigavam títulos como Wolfenstein a lançar versões alternativas no país. 

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Wolfenstein
Jogo "Wolfenstein II: The New Colossus" teve que suprimir suásticas e bigode de Hitler para ser vendido no mercado alemão Foto: YouTube/DerSorbus

Jogos de videogame que mostram símbolos nazistas como a suástica poderão ser vendidos sem censura na Alemanha. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (09/08) pelo organismo responsável pela classificação indicativa dos títulos lançados no país. 

Segundo a Organização de Autorregulação de Software de Entretenimento (USK, na sigla em alemão), uma cláusula do Código Penal que permite que símbolos nazistas sejam usados de maneira "socialmente adequada" será aplicada para os games.

A regra anterior era criticada por desenvolvedores de jogos, especialmente estrangeiros, que acabavam tendo que lançar versões censuradas especiais em que os símbolos nazistas eram suprimidos ou que desistiam de vender seus produtos no mercado alemão. Até então, a organização vinha negando, sem exceções, a concessão da classificação indicativa para jogos que exibissem os símbolos, proibindo na prática que eles fossem comercializados. 

Segundo Elisabeth Secker, diretora da USK, agora a organização passou a entender que a exibição de símbolos nazistas em jogos deve ser regulada na Alemanha da mesma forma como ocorre no cinema ou no teatro.

Exibir publicamente símbolos de "organizações inconstitucionais”, como o Partido Nazista,  é proibido por lei, mas a legislação abre exceções para algumas áreas – como o cinema –, se o objetivo é artístico ou de descrever um período histórico. 

No entanto, de acordo com Secker, a nova medida não configura uma autorização geral. Os membros da organização ainda vão analisar caso a caso no futuro para ver se os jogos se enquadram nessa interpretação.

A decisão foi celebrada pela associação que representa os desenvolvedores de videogames da Alemanha. "Há muito tempo argumentamos que os jogo possam desempenhar um papel de igualdade no discurso social, sem exceções. O computadores e os videogames são reconhecidos como um meio cultural há muitos anos", disse Felix Falk, que representa a associação Game.

Sumiço do bigode de Hitler

A proibição da exibição de símbolos nazistas em jogos vinha sendo aplicada na Alemanha pela USK desde os anos 1990, mas a questão foi reavivada no ano passado após o lançamento no país do jogo Wolfenstein II: The New Colossus. No enredo do game, a Alemanha ganhou a Segunda Guerra Mundial, e o jogador assume o papel de um personagem americano que combate os nazistas em 1961.

Para conseguir vender o jogo no mercado alemão, os desenvolvedores trocaram todas as suásticas que apareciam em bandeiras e uniformes por um símbolo triangular genérico. Até mesmo o vilão, Adolf Hitler, teve seu bigode característico suprimido para evitar as associações com o nazismo. Comunidades de gamers pelo mundo criticaram e ridicularizaram as medidas.

As regras duras para exibição dos símbolos nazistas também afastaram por anos vários fabricantes. As diferentes desenvolvedoras da série Wolfenstein, que existe desde o início dos anos 1980, só passaram a vender seus jogos na Alemanha a partir de 2014 – e em versões censuradas. Outros jogos de tiro em primeira pessoa que se passam na Segunda Guerra, como os títulos da série Call of Duty também foram lançados em versões alteradas.

Não são apenas os temas nazistas que são vistos com restrições nos jogos lançados na Alemanha. A severidade da classificação indicativa também atinge jogos com temáticas "mais modernas" com o objetivo de reduzir os níveis de violência. 

Um título da série de estratégia Command and Conquer chegou a suprimir elementos como um terrorista suicida e tropas de infantaria, que foram trocados por uma bomba ambulante, ciborgues e robôs.

JPS/rtr/dpa/epd/ots

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