Alemanha pode repensar relações com Turquia, diz Merkel
2 de setembro de 2017A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta sexta-feira (01/09) que a Alemanha deve reagir decisivamente à prisão de mais dois cidadãos alemães pelo governo turco, em meio a crescentes pedidos para que Berlim emita um alerta formal de viagens para alemães que viajam à Turquia.
Sob as circunstâncias, Merkel ratificou sua determinação de bloquear qualquer negociação entre União Europeia e Ancara para avançar em uma união aduaneira. Ela aproveitou também para criticar as tentativas de ingerência do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, na campanha eleitoral alemã.
"Nós precisamos reagir decisivamente", disse Merkel em um evento empresarial na cidade de Nurembergue, na Baviera, destacando que a Alemanha já havia reformulado suas relações com Ancara. "Dados os eventos mais recentes, talvez seja necessário repensar as relações com a Turquia ainda mais."
A Alemanha não foi oficialmente informada das duas detenções mais recentes que ocorreram na quinta-feira no aeroporto de Antália, fazendo com que o consulado na cidade costeira de Izmir se informasse sobre as prisões através de "fontes não governamentais", disse a porta-voz do Ministério do Exterior alemão, Maria Adebahr.
Em Nurembergue, Merkel frisou que "na grande maioria dos casos, as detenções carecem de fundamentos". Ela afirmou, ainda, que o procedimento da Turquia "não tem nada a ver com nossos princípios de Estado de Direito". Desde o fracassado golpe de 16 de julho de 2016, dezenas de milhares de pessoas foram presas sob a acusação de apoiar uma organização terrorista.
O principal candidato de oposição à Merkel nas próximas eleições, Martin Schulz, do Partido Social Democrata (SPD), pediu um aviso formal, por parte do governo, para que os alemães evitem viagens à Turquia, que depende da receita do turismo. Geralmente, Berlim emite advertências de viagem para países que estão passando por uma guerra civil.
Atualmente, 55 alemães estão presos na Turquia, doze deles por questões políticas, sendo que quatro deles possuem dupla cidadania. Entre eles está o jornalista alemão-turco Deniz Yücel, correspondente do jornal Die Welt na Turquia, que completou 200 dias de prisão nesta sexta-feira.
As relações entre Alemanha e Turquia estão estremecidas desde o fracassado golpe de 16 de julho de 2016. Ancara acusa Berlim de indulgência de "terroristas" ao abrigar separatistas curdos e supostos golpistas. Uma recente proibição a Erdogan de fazer comícios na Alemanha também ajudou a azedar as relações entre os dois países.
FC/rtr/efe/afp