Alemanha distante de meta de 1 milhão de carros elétricos
19 de setembro de 2018A Alemanha não cumprirá a meta estabelecida pelo governo federal de alcançar a marca de 1 milhão de veículos elétricos na Alemanha até 2020 e deve alcançá-la somente dois anos depois, afirmou um relatório da Plataforma Nacional de Eletromobilidade (NPE, na sigla em alemão) divulgado nesta quarta-feira (19/09).
A NPE monitora o mercado de carros elétricos na Alemanha há oito anos e aconselha o governo sobre o desenvolvimento do setor. Em 2010, a plataforma havia estimado que 1 milhão de carros elétricos estariam circulando pelas ruas do país uma década depois, e Berlim transformou o prognóstico em meta.
No entanto, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, já havia reconhecido há um ano que o objetivo provavelmente não seria alcançado.
Nesta quarta-feira, ela destacou a crescente oferta de modelos elétricos e a ampliação da rede de carregamento no país, mas disse o ritmo da mudança é muito lento. "Apesar de todos os avanços, as coisas estão demorando mais do que pensávamos há oito anos."
No início deste ano, 98.280 carros elétricos ou híbridos plug-in – cuja bateria pode ser carregada na tomada – circulavam pelo país. Até o fim de agosto foram registrados 45.422 novos veículos do tipo. Apesar do aumento significativo, ele não será suficiente para que se chegue à marca de 1 milhão em 2020.
No cenário internacional, a Alemanha está bem atrás de países como China, Estados Unidos e Noruega, onde a eletromobilidade conta com mais incentivos políticos.
Para Henning Kagermann, presidente da NPE, a meta de 1 milhão de carros elétricos deve continuar guiando a política alemã. Mais importante que a data em que será atingido o objetivo é que haja uma harmonia entre oferta, infraestrutura, um sistema energético favorável ao clima e serviços disponíveis, disse.
"Tivemos fases iniciais um pouco lentas, mas agora estamos recuperando o atraso", afirmou o ministro alemão dos Transportes, Andreas Scheuer, nesta quarta-feira.
Obstáculos para avanço do setor
O relatório da NPE aponta uma série de fatores que impediram que o setor de carros elétricos avancasse a um ritmo mais acelerado. Em primeiro lugar, esses veículos são comparativamente mais caros que os convencionais, e até pouco tempo atrás havia poucos modelos disponíveis. Além disso, a pouca duração das cargas das baterias e a falta de estações de carregamento barram o crescimento do setor.
De acordo com a Associação Federal das Indústrias de Energia e Água, para 1 milhão de carros nas ruas, são necessárias 70 mil estações de carregamento normal e 7 mil de carregamento rápido. A contagem mais recente do órgão registrou apenas 13,5 mil pontos de carregamento públicos ou parcialmente públicos – como em hotéis ou estacionamentos. Desse total, apenas 13% eram de carregamento rápido.
A coalizão de governo, liderada por Merkel, quer que até 2020 haja ao menos 100 mil estações de carregamento adicionais no país. Até setembro de 2017, o governo federal disponibilizou um total de 2,2 bilhões de euros para pesquisa e desenvolvimento na área de eletromobilidade.
Nesta quarta-feira, Merkel enfatizou que a Alemanha deveria trabalhar junto com outros países europeus na produção de células de bateria no continente.
Além do setor público, a iniciativa privada também vêm se mobilizando para estimular o setor de carros elétricos. Fabricantes formaram uma cooperativa para estabelecer uma rede de carregamento em rotas de muito movimento – passo elogiado pela NPE. Segundo a plataforma, já em 2018 a Alemanha será o primeiro país a ter uma rede de carregamento que cobre todo o território nacional.
Fabricantes também vêm se esforçando para ampliar a oferta de veículos elétricos. No momento há 33 modelos de montadoras alemãs no mercado, e até 2020 eles devem somar cerca de cem.
LPF/dpa/rtr
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