Alemanha leva nota baixa em educação
14 de setembro de 2004O sistema educacional alemão recebeu notas baixas de novo, três anos após os péssimos resultados no estudo do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Em decorrência de investimentos insuficientes, estruturas escolares ultrapassadas e do baixo número de estudantes que concluem o curso superior, a Alemanha ameaça ficar para trás entre os países desenvolvidos. Isso foi o que constatou o mais recente estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado esta terça-feira (14/09), em Berlim.
No estudo realizado anualmente, a OCDE compara a eficiência dos sistemas educacionais de seus 30 países-membros. De acordo com a última investigação, no período entre 1995 e 2001, os países da OCDE aumentaram em 21% seus investimentos em educação e em 30% as verbas destinadas ao sistema universitário. Na Alemanha, o aumento se limitou respectivamente a apenas 6% e 7%.
Alunos têm menos aulas
Quanto ao ensino básico e médio, o estudo aponta que as despesas alemãs com os escolares ficaram abaixo da média, enquanto o salário dos professores se mantém acima da média. Os alunos do curso primário na Alemanha têm aproximadamente 160 horas-aula menos que a média dos países da OCDE.
A discrepância entre os resultados alemães e o dos demais países avaliados diminui nos últimos anos escolares. Mesmo assim, a carga horária de alunos na faixa etária de 15 anos ainda é menor na Alemanha, somando 66 horas-aula menos que a média da OCDE. No jardim de infância, as taxas escolares a serem pagas pelos beneficiados na Alemanha correspondem ao dobro da média; por outro lado, as semestralidades universitárias e outras despesas de estudantes do ensino superior somam menos da metade da média registrada na organização.
Menos de 20% formados na idade certa
Entre 1995 e 2002, quase todos os países da OCDE aumentaram nitidamente seus investimentos em escolas superiores e técnicas ou em programas de especialização e profissionalização. O número de estudantes de 3º grau aumentou 40% em média. Além da Áustria e da França, a Alemanha é o único país onde esta cota não aumentou. Na média da OCDE, aproximadamente 32% das pessoas em idade de se formar concluem de fato o curso superior; na Alemanha, este índice é de 19%. Para assegurar esta cota média, o número de ingressantes nas universidades alemãs deveria aumentar nitidamente nos próximos anos.
O educador Andreas Schleicher, especialista da OCDE, responsabilizou a negligência política alemã dos últimos 20 anos pelo grave quadro do sistema educacional. Neste período, o país caiu do 14º para o 20º lugar no ranking da organização. Para Schleicher, as reformas chegaram tarde demais. A principal reforma feita na Alemanha foi a introdução do regime escolar integral, algo que já existia há muitos anos em outros países da OCDE. Além disso, ao contrário do que ocorre na Alemanha, o jardim de infância e a pré-escola fazem parte do sistema de ensino oficial na maioria dos países da organização.
A ministra da Educação, Edelgard Bulmahn, lembrou que o governo federal aumentou as verbas para educação e pesquisa em 36% desde 1998. Ela advertiu da necessidade de estados e municípios se empenharem mais neste sentido, alegando a enorme urgência de recuperar o sistema educacional alemão.