Descanse em paz ao lado de seu pet
15 de junho de 2015Para milhões de apaixonados por animais ao redor do mundo, ter os seus restos mortais sepultados próximos aos bichinhos de estimação é o suficiente para amenizar o medo da morte, que um dia chega para todos.
"Juntos para sempre" é o que se pode ler em uma lápide (foto acima) do cemitério inaugurado há uma semana na cidade de Braubach, próximo à região de Koblenz, no oeste da Alemanha. A marca de uma mão próxima à pata de um cão preserva a memória de um homem e melhor amigo. Um segundo cemitério, similar, foi inaugurado nos arredores da cidade de Essen, apenas um dia depois.
A representante da Associação Alemã de Cemitérios, Judith Könsgen, acredita que a demanda por tais jazigos deverá crescer. A instituição lidera o projeto "Nosso céu", impulsionado pelo interesse cada vez maior das pessoas em ter seus restos mortais enterrados próximos aos de seus animais.
Com 28 milhões de animais de estimação registrados em 2013, a Alemanha é o terceiro país no ranking dos "amantes dos pets", atrás apenas da Rússia e da Itália.
"O papel dos bichinhos em nossa sociedade tem mudado", diz Könsgen. "Hoje, eles são mais companheiros do que apenas animais domésticos."
Os amantes dos animais também podem aumentar o tamanho dos seus jazigos, assegurando que nenhum membro da família – com duas pernas ou quatro patas – será deixado de fora. Mas apesar de as cinzas dos donos e de seus animais poderem ser sepultadas lado a lado, as cremações ainda devem ser feitas separadamente, segundo a lei alemã.
Queda de natalidade
Kathrin Fichtel, membro do grupo de pesquisa sobre animais domésticos em sociedade, de Bremen, acredita que as mudanças sociais dos últimos 50 anos são responsáveis pelo aumento da importância dos animais na Alemanha.
"A estrutura familiar existente há alguns anos mudou. Encontrar mãe, pai, filhos e avós vivendo debaixo de um mesmo teto é, hoje, muito raro." diz Fichtel à DW. "Há mais pessoas vivendo sozinhas do que nunca. Por isso, os animais se tornaram uma verdadeira âncora para as pessoas, tanto emocionalmente quando na hora de estruturar a rotina."
Um estudo publicado no último mês sugere que a Alemanha tem hoje a menor taxa de natalidade do mundo. Como esses dados continuam a despencar, os animais tendem a se tornar ainda mais parte da família.
"Para muitos, em alguns aspectos, é mais fácil integrar um animal do que uma criança. As pessoas que têm animais sentem como se estivessem em família, que têm alguém para cuidar." diz Fichtel.
"Está comprovado cientificamente que animais ajudam a relaxar", argumenta Fichtel. "Quando você afaga um cachorro, por exemplo, o hormônio do amor, que é a oxitocina, aumenta. Já o cortisol, ou hormônio do stress, diminui."
Por isso não é surpresa para Fichtel que, após a morte, os donos de gatos e cachorros desejem continuar próximos dos animais que foram parte tão importante de suas vidas.