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Alemanha homenageia mortos pela covid-19

18 de abril de 2021

Eventos expressam solidariedade às famílias das quase 80 mil pessoas que perderam a vida no país em decorrência do coronavírus. Presidente alemão alerta contra desprezo à dor dos afetados.

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Mulheres acendem velas chão
Mulheres acendem velas em evento pelos mortos da covid-19 em StuttgartFoto: Christoph Schmidt/dpa/picture alliance

A Alemanha homenageia neste domingo (18/04) os quase 80 mil mortos no país em decorrência da covid-19, em uma cerimônia nacional para expressar solidariedade aos parentes das vítimas da pandemia.

A chanceler federal alemã Angela Merkel e o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier participam de uma missa matinal na Igreja Memorial Kaiser Wilhelm 2°, um edifício histórico em Berlim parcialmente destruído durante a Segunda Guerra que simboliza a paz e a reconciliação.

Em seguida, tomam parte de uma cerimônia na Konzerthaus, sala de concertos no centro da capital. O número de convidados foi limitado pela pandemia, mas este segundo ato foi transmitido ao vivo pelas cadeias públicas de televisão.

Dor por trás das cifras

Em seu discurso, Steinmeier, alertou contra a tentativa de se relegar a um segundo plano o sofrimento dos afetados pela pandemia, ressaltando a atenção que muitos têm dedicado às taxas de infecção e mortalidade, esquecendo a dor por trás das cifras. "Minha impressão é que nós, como sociedade, não nos conscientizamos com frequência suficiente de que por trás de todos os números existem destinos e pessoas", sublinhou, lembrando que o sofrimento e a morte muitas vezes permanecem invisíveis para o público. “Uma sociedade que ignora esse sofrimento vai ser danificada como um todo.”

Steinmeier também lembrou daqueles que morreram por outras causas mas que não puderam se despedir de seus entes queridos, por conta das circunstâncias da pandemia, tendo passado suas últimas horas na solidão. "Eles ficam em nossa memória. Não os esquecemos", disse, acrescentando ser "infinitamente triste" saber que as pessoas tiveram que morrer "sem uma última palavra de ternura, um último olhar de amor, um último aperto de mão".

Em sua fala, o presidente alemão também lembrou os médicos e enfermeiras que lutaram pela vida dia e noite, dizendo que muitos se infectaram e alguns morreram. "Nós nos curvamos com respeito pelo compromisso abnegado deles", afirmou.

Velas nas janelas

Ao convocar para a celebração nacional, governadores dos 16 estados alemães também pediram que a população coloque velas nas janelas todas as noites durante este fim de semana. "Queremos tomar consciência do que perdemos mas também buscar esperança e força juntos", afirmaram, em mensagem conjunta.

A homenagem acontece em meio à terceira onda na Alemanha, onde o número de casos e mortes volta a aumentar, e a campanha de vacinação contra covid-19 enfrenta críticas pela lentidão.

Pressão nas UTIs

Os números de infecção pelo coronavírus na Alemanha põem pressão sobre as unidades de terapia intensiva nos hospitais, com muitos chegando a seu limite de capacidade. Segundo a Associação Interdisciplinar Alemã para Terapia Intensiva e Medicina de Emergência (Divi, na sigla em alemão), o número de leitos disponíveis no país caiu de 30 mil em junho passado para cerca de 23,9 mil no início da semana.

Neste sábado, 22.539 leitos de terapia intensiva estavam ocupados em todo o território alemão, deixando vagos apenas cerca de 12% do total, porcentagem é menor do que a do pico da segunda onda de infecções, em 16 de dezembro, quando o país contava com quase 17% dos leitos de UTI vagos.

Neste domingo, as autoridades sanitárias contabilizaram um total de 79.914 mortes na Alemanha pelo coronavírus desde o início da pandemia. Foram registradas 19.185 novas infecções nas últimas 24 horas, uma alta em relação ao domingo passado, quando foram computados 17.855 novos casos. 

O governo Merkel prepara novas restrições, como toques de recolher noturnos, tendo proposto uma nova regra, ainda a ser aprovada no Parlamento, que deve ter vigência nacional, em um país com gestão descentralizada da crise sanitária.

Nesta sexta-feira, Merkel insistiu com os legisladores para que a apoiem na implementação de bloqueios e toques de recolher em áreas com altas taxas de infecção pelo coronavírus. "A terceira onda da pandemia tomou conta de nosso país", disse Merkel, no Bundestag. "Os profissionais de terapia intensiva têm enviado um pedido de socorro atrás do outro. Quem somos nós para ignorar seus apelos?"

md (AFP, EPD, KNA, DPA)