Alemanha deverá enviar contingente ao Líbano
15 de agosto de 2006Após Israel ter concordado com um cessar-fogo, sob condição de que a ONU envie tropas e impeça ataques do Hisbolá a alvos israelenses, começam as discussões em diversos países sobre o contingente a ser enviado para complementar a Unifil, tropa de dois mil homens das Nações Unidas estacionada na região desde 1978.
Os países da União Européia também deverão participar na tropa de 13 mil capacetes azuis a ser enviada ao Líbano. Javier Solana, responsável pela Política Externa da União Européia, espera que as primeiras tropas européias sejam estacionadas na região até o início da próxima semana.
Caberá a cada país-membro, entretanto, decidir como e quantos homens enviará, já que a União Européia como organização não participará da tropa de paz no Líbano. Em Bruxelas, espera-se que o comando militar fique com a França. A imprensa alemã afirma que os partidos de coalizão do governo de Berlim entraram em acordo quanto à participação alemã no envio de tropas ao Oriente Médio.
Cada país decidirá separadamente quantos homens enviará
A Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU especifica que uma tropa de 30 mil homens deverá atuar no sul do Líbano. Este contingente será composto de forma igualitária por tropas do Líbano e das Nações Unidas. Mesmo a Resolução 1701 explicitando claramente que a tropa de paz estará sob comando da ONU, ao retornar de uma viagem a Israel e ao Líbano, Javier Solana afirmou em Bruxelas que a Europa deverá ajudar na coordenação dos preparativos.
De diversos países europeus já se ouvem números concretos em relação ao contingente a complementar a tropa de capacetes azuis. Espera-se que a França, que por determinação da Liga das Nações deteve o protetorado do Líbano de 1920 a 1943, assuma o comando das tropas da ONU na região. Cerca de cinco mil soldados franceses deverão formar o núcleo da tropa de capacetes azuis.
Massimo d'Alema, ministro italiano das Relações Exteriores, afirmou que seu país está disposto a enviar cerca de três mil soldados para a região. Setores do governo espanhol declararam que a Espanha poderia enviar até 700 soldados. Portugal e Finlândia também estariam propensos a colaborar com a tropa.
Uma participação do Reino Unido, entretanto, é considerada improvável. Segundo o premiê britânico, Tony Blair, o país já estaria bastante sobrecarregado militarmente com sua participação no Iraque e Afeganistão. Os Estados Unidos, tradicional aliado de Israel, também não deverão participar das forças de paz.
Decisão fundamental já foi tomada
Segundo informações internas do governo alemão, Berlim deverá participar pela primeira vez em uma missão de paz da ONU para o Oriente Médio. A decisão de participação na tropa das Nações Unidas conforme a resolução da ONU já teria sido tomada. Na quarta-feira (16/08), as lideranças da colizão de governo se encontram para discutir a forma de participação alemã.
Na reunião deverão estar presentes a chanceler federal Angela Merkel (CDU), o presidente do Partido Social Democrata (SPD), Kurt Beck, o vice-chanceler federal, Franz Müntefering (SPD), e Edmund Stoiber, presidente da União Social Cristã (CSU).
A chanceler federal Angela Merkel deverá anunciar à opinião pública, ainda nesta semana, detalhes do acordo feito pelo governo de coalizão para o envio de tropas. O anúncio deverá ser feito juntamente com o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, que voltará da sua terceira viagem ao Oriente Médio.
O ministro alemão da Defesa, Franz Josef Jung, declarou que apresentará sugestões concretas sobre a participação alemã nas forças de paz da ONU para o Oriente Médio. Ele se pronunciará na conferência dos países que enviarão tropas à região, a ser realizada em Nova York, nesta quinta-feira (17/08). "Onde tivermos oportunidade, faremos uso de nossas habilidades", afirmou Jung, por ocasião de uma visita a tropas na cidade de Wunstorf, próxima a Hannover.