Alemanha descrente de êxito do G-4
19 de julho de 2005O Grupo do Quatro não conseguiu acertar com os países africanos uma proposta comum de reforma do Conselho de Segurança da ONU. Ao contrário do que propõem a Alemanha, o Brasil, a Índia e o Japão, a União Africana exige que os novos membros permanentes a ingressarem no CS da ONU tenham direito de veto.
Sem o apoio dos 53 países da União Africana, a proposta do G-4 não tem chance de adquirir a maioria de dois terços da Assembléia Geral necessários para aprovação. As negociações deverão prosseguir no dia 25 de julho em Genebra.
Veto é questão insolúvel
Embora o chanceler brasileiro, Celso Amorim, tenha afirmado que as divergências são menores do que parecem, o ministro alemão do Exterior, Joschka Fischer, acha que dificilmente restará tempo para se chegar a uma proposta consensual. "Para tudo se precisa de uma maioria de dois terços. As discussões não são fáceis. É preciso muita prudência", declarou Fischer.
O G-4 espera que os africanos façam concessões a tempo de a proposta de ampliação do CS ser submetida à Assembléia Geral em meados de setembro, por ocasião do encontro de cúpula dos 60 anos das Nações Unidas.
O ministro alemão não acredita que possa haver um consenso em relação ao impasse do veto. Os países do G-4 – que defendem a criação de seis novas cadeiras permanentes, duas das quais para a África – esperam que uma abdicação temporária do direito de veto por parte dos novos possa ajudar a conquistar o apoio dos cinco atuais membros permanentes à proposta.
Com todos os direitos no Olimpo da ONU
A imprensa alemã analisou a reivindicação africana de estar representada com todos os direitos no "Olimpo" das Nações Unidas. O diário Frankfurter Rundschau se perguntou por que os países africanos não estão dispostos a seguir a argumentação que evidentemente tem mais chance de aceitação. E suspeita que haja muitos países africanos interessados no fracasso da ampliação do grêmio pelo simples fato de que eles prefeririam ver seu continente excluído do CS a serem representados por um país rival.
O Frankfurter Rundschau considera a pressão do G-4 de certa forma "paternalista", por querer mostrar aos africanos qual seria o caminho político certo para ampliar a representação do Terceiro Mundo na ONU. De fato, o governo alemão considera a proposta de reforma do G-4 "uma chance inédita para a África, uma chance que provavelmente não vai se repetir nas próximas décadas".
Neste sentido, o diário berlinense taz também lamenta que se tenha perdido mais uma "chance de adaptar a composição e o funcionamento do grêmio mais importante da ONU às necessidades do século 21".