Ajuda ao desenvolvimento
31 de outubro de 2009Poucos dias após assumir o Ministério alemão da Cooperação Econômica e Desenvolvimento, o político liberal Dirk Niebel anunciou nesta sexta-feira (30/10) um novo curso para a ajuda alemã ao desenvolvimento.
Em entrevista exclusiva à DW-TV, Niebel disse que, em primeiro plano, as novas estratégias do governo vão girar em torno "da concentração dos recursos disponíveis, da fusão da ajuda técnica e financeira e da concentração em determinados países parceiros".
Essa concentração da ajuda ao desenvolvimento a somente determinados países implica que, no futuro, programas financeiros de incentivo e cooperação técnica com emergentes, através de organizações competentes, não deverá mais existir na forma como ocorre atualmente.
China e Índia
Stephan Bethe, porta-voz do ministério de Niebel, declarou nesta sexta-feira (30/10), em Berlim, que, "nesse contexto, o ministro deixou claro que cortará a ajuda ao desenvolvimento à China. A cooperação financeira com a China já havia sido abolida pelo antigo governo. Agora, a cooperação técnica também deverá se encerrar. Para tal, o orçamento de 2009 ainda prevê 27,5 milhões de euros".
O ministério deixou claro que todos os compromissos anteriores serão cumpridos e que os projetos em andamento serão concluídos. Mas novos projetos com a China não deverão mais ser aceitos. Além disso, no futuro, os 68 milhões de euros destinados à cooperação econômica com a Índia também não deverão mais existir, afirmou o porta-voz.
Promessa eleitoral
Conforme nota divulgada por seu ministério, Niebel declarou que, "apesar da crise financeira, cumpriremos nossa obrigação de ampliar paulatinamente a ajuda pública alemã ao desenvolvimento. Para a Alemanha, o combate à pobreza é mais importante do que nunca. Ou seja, concentraremos nossos recursos, empregando-os de forma eficaz onde houver maior necessidade". Em entrevista ao jornal alemão Bild, Niebel afirmou que "potências econômicas como Índia e China não cumprem mais tais critérios".
O ministro não informou uma data exata para o encerramento da ajuda. Com o anúncio, Niebel cumpre uma promessa de sua facção, o Partido Liberal Democrático (FDP), de cortar ajudas estatais à China na ordem de 70 milhões de euros anuais.
"Populista e de pouca visão"
O anúncio do ministro foi duramente criticado pela oposição. A bancada do Partido Verde na Alemanha classificou de "populista e de pouca visão" a primeira decisão do ministro no novo cargo. "A abrangente cooperação em todos os campos políticos com países emergentes é insubstituível na solução de problemas globais como a crise climática, financeira e alimentar", explicaram representantes do partido.
O deputado da Esquerda, Michael Leutert, acusou o ministro Niebel de incompetente. Nas áreas de proteção climática e política energética, tal cooperação, segundo Leutert, é sensata e eficaz. O parlamentar explicou que, justamente através da cooperação econômica, é que se torna possível influenciar processos de reforma sociais.
Recomeço
Respondendo às críticas, o porta-voz do ministério, Stephan Bethe, declarou que, para o ministro Niebel, o fim da cooperação econômica com países emergentes como China e Índia deverá significar também um recomeço.
"Além disso, o novo ministro vai desenvolver novos conceitos de cooperação com países emergentes. Já no acordo de coalizão do novo governo entre conservadores e liberais, havia sido anunciado que a cooperação com os emergentes deveria ser transformada em parceria", acrescentou Bethe.
Tal parceria estratégica deverá se concentrar principalmente nos setores da Justiça, direitos humanos e proteção climática: um novo terreno para o trabalho de cooperação econômica e desenvolvimento exercido pela Alemanha. Em nível europeu, no entanto, esta já é uma fórmula antiga. Na UE, também são fechados acordos de parcerias bilaterais, válidos por muitos anos, com países emergentes.
Autor: Richard Fuchs / Carlos Albuquerque
Revisão: Soraia Vilela