Alemanha comunica à Otan que gastará 2% do PIB com defesa
14 de fevereiro de 2024Pela primeira vez em três décadas, a Alemanha comunicou à Otan que seus gastos planejados com defesa chegarão a pelo menos o equivalente a 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB), informou a agência de notícias DPA nesta quarta-feira (14/02), com base em investigações próprias.
De acordo com a DPA, o governo alemão comunicou que alocará o equivalente a 73,41 bilhões de dólares (cerca de R$ 363,6 bilhões) para gastos com defesa em 2024. Esse é um valor recorde para a Alemanha em termos absolutos e corresponde a 2,01% do PIB do país.
A última vez em que a Alemanha gastou o equivalente a 2% do seu PIB com defesa foi em 1992, segundo informações da Otan. Nos anos da Guerra Fria, a proporção era geralmente superior a 3%.
De acordo com o Ministério da Defesa alemão, essa verba extra será usada para a aquisição de veículos brindados, fragatas e aviões de combate. Esse reforço se deve em grande parte por causa do fundo especial de 100 bilhões de euros criado em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.
Aumento em outros países
Nesta quarta-feira, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, detalhou os aumentos dos gastos militares dos países-membros da aliança militar durante uma reunião de cúpula em Bruxelas.
Stoltenberg anunciou que 18 dos 31 aliados gastarão pelo menos 2% do seu PIB em defesa este ano – quase o dobro do número de membros do ano passado, 11. "É um número recorde e seis vezes maior do que em 2014, quando apenas três aliados cumpriram a meta", destacou. Segundo ele, desde 2014, o investimento em defesa aumentou 11% e os 31 países que a compõem aliança investiram mais de 600 bilhões de euros.
Os números serão anunciados depois de o pré-candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, ameaçar que iria até mesmo encorajar a Rússia "a fazer o que bem entendesse" com aqueles "que não pagam suas contas".
As declarações de Trump causaram indignação entre os aliados europeus, que são 29 dos 31 países da Otan. Em especial no Leste Europeu surgiu o temor de que os EUA poderiam não defender seus aliados em caso de um ataque da Rússia, que muitos especialistas consideram possível nos próximos anos.
Quando estava na presidência dos EUA, Trump criticou abertamente os aliados na Otan por não elevarem seus gastos com defesa ao percentual de 2% acertado pela aliança militar na cúpula de 2014, no País de Gales.
as/cn (DPA, AFP)