O escaneador perfeito
5 de janeiro de 2010Os escaneadores de corpo inteiro são usados no cotidiano há anos em aeroportos dos EUA e Rússia. A Alemanha reconhece a necessidade desses aparelhos, mas avalia com cuidado sua utilização.
Está claro que, economicamente falando, alguém vai sair ganhando com a instalação de escaneadores de corpo inteiro nos aeroportos de todo o mundo. Mas, pelo menos na Alemanha, não só as empresas estão interessadas em encontrar uma solução eficaz para as necessidades de uma maior vigilância nos voos nacionais e domésticos.
Educação e pesquisa
De fato, a futura vigilância dos aeroportos alemães por meio de escaneadores corporais poderá ser o resultado de uma subvenção governamental.
De forma curiosa, porém lógica, o encarregado do governo alemão para promover estes projetos relacionados com a segurança não é o Ministério do Interior, mas o Ministério da Educação e Pesquisa. Este apoia um total de 339 projetos relacionados à segurança civil, dos quais 95 são dedicados especificamente à detecção de potenciais artefatos explosivos.
Em 2007, o ministério afirmou haver empregado um total de 196 milhões de euros no apoio à pesquisa sobre segurança civil. O órgão é um patrocinador majoritário, porém não exclusivo, já que a maioria dos projetos não é sustentada apenas por verbas públicas: 25% dos fundos provêm da própria indústria.
Escaneadores de ontem e de hoje
Países como os EUA e a Rússia usam há muito tempo os escaneadores em aeroportos. No aeroporto londrino de Gatwick, são empregados aparelhos semelhantes há sete anos, segundo informa o semanário alemão Die Zeit.
Após a tentativa frustrada de atentado em uma aeronave operada na rota Amsterdã-Detroit, as autoridades britânicas ordenaram a instalação de escaneadores corporais em Heathrow, principal aeroporto de Londres.
A Alemanha, entretanto, considera a situação com mais calma, e tudo indica que a implementação dos escaneadores de corpo inteiro na Alemanha vai demorar ainda vários meses.
Há algum tempo, existem propostas bem concretas para a utilização de escaneadores de corpo inteiro. A academia de polícia de Lübeck, no norte da Alemanha, por exemplo, desenvolveu um dispositivo que seria capaz de detectar objetos potencialmente perigosos, respeitando a esfera íntima dos passageiros.
Tecnologia terahertz
Para o governo alemão, o respeito à privacidade dos passageiros é uma prioridade. "Para o Ministério da Educação e Pesquisa, o aspecto ético tem grande peso", afirma um texto da página do órgão federal na internet, relativo aos escaneadores de corpo inteiro.
Ao mesmo tempo, existem detalhes ainda pouco pesquisados a respeito da saúde dos passageiros. No centro das atenções está a chamada "tecnologia terahertz", que utiliza a radiação eletromagnética em um espectro entre microondas e infravermelho.
Há duas formas de se fazer observação com esta tecnologia, a passiva, em que o scanner só detecta as ondas emitidas pelo corpo, e a ativa, em que o equipamento irradia o passageiro. Com esta, é possível se obter uma visão muito mais detalhada do corpo. O que é uma vantagem em um primeiro momento, acaba se tornando a principal fonte de problemas.
Raios X nos EUA
O Ministério alemão da Educação e Pesquisa insiste que a tecnologia terahertz é inofensiva à saúde. Estudos preliminares parecem confirmar essa afirmação, já que os raios terahertz penetrariam apenas alguns milímetros na epiderme.
O que está descartado dos aeroportos alemães é a instalação de escaneadores como os usados em alguns aeroportos dos EUA. Apesar de permitirem um rastreamento detalhado do corpo, tais aparelhos usam raios X, que não são permitidos pelo Departamento Federal de Proteção contra Radiação.
As primeiras medições das autoridades feitas nos escaneadores com tecnologia terahertz deram resultados satisfatórios, porém ainda preliminares. Em qualquer caso, o governo espera que os testes de diferentes modelos de escaneadores sejam finalizados nos próximos meses. Os resultados devem ser apresentados no segundo semestre deste ano.
Autor: Enrique López Magallón (md)
Revisão: Augusto Valente