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Risco de apagão?

21 de maio de 2011

Dentre as 17 usinas nucleares do país, apenas quatro produzirão energia ao longo da semana. Situação é considerada crítica, mas governo garante que não há risco de apagão. País deverá importar energia de vizinhos.

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Apenas quatro reatores estão em atividade na AlemanhaFoto: picture-alliance/Ralf Kosecki
A partir desde sábado (21/05), o fornecimento de energia na Alemanha entra numa fase critica. Ao longo de toda a semana, 13 das 17 usinas nucleares do país estarão fechadas. Ainda assim, a Agência Federal para Regulação de Redes de Energia da Alemanha afasta a possibilidade de um apagão: "A situação é complicada, mas ainda controlável", afirmou o presidente do órgão, Matthias Kurth.
Diferentes motivos provocaram a suspensão temporária das atividades nas centrais nucleares. Oito delas estão desligadas da rede segundo decisão governamental, após a moratória de três meses declarada por Angela Merkel, e as demais passam por trabalhos de manutenção.
As quatro usinas em funcionamento deverão atender a demanda, acredita o governo, que conta também com as condições favoráveis do clima. "Com os dias ensolarados, muita energia solar será produzida", argumentou Kurth. No inverno o risco de um apagão sob essas condições seria maior, adiciona o presidente da agência, lembrando que o consumo de energia é sempre mais elevado nessa estação.
Ainda assim, o círculo político demonstra preocupação diante desse panorama. "A situação é muito tensa. Se o fator clima não contribuir e se a demanda for muito elevada, pode ser que tenhamos uma escassez", declarou Klaus Breil, porta-voz para política energética da bancada liberal no Parlamento alemão.
Apenas 27% da capacidade de geração nuclear da Alemanha estará à disposição ao longo da semana. Nesse período, estima-se que o país precise importar diariamente energia de vizinhos como a França, República Tcheca e Polônia. Matthias Kurth é mais moderado: "Podemos pensar na demanda da Alemanha sem depender de um saldo de importação."
As usinas nucleares são responsáveis por cerca de 23% da geração de eletricidade na Alemanha, 15% vem de fontes renováveis, 13% de gás natural e o restante, cerca de 43%, a partir do carvão.
Enquanto a decisão final não vem
Muito se tem discutido sobre o futuro das usinas nucleares alemãs. Neste sábado, a chanceler federal, Angela Merkel, afirmou que brevemente o governo decidirá uma data concreta para abandonar totalmente esse tipo de geração.
"As pessoas querem saber uma data exata", pronunciou Merkel depois de um encontro com a presidência do partido União Social Cristã (CSU), no mosteiro Andechs, neste sábado na Baviera. A meta do partido bávaro é desligar a última unidade da rede no máximo em 2022, prazo que, apesar de não definido, é visto com bons olhos por Merkel.
Definido a data de desligamento, o próximo passo será promover investimentos no setor de energias renováveis. Segundo os planos da CSU, até 2022 metade da energia produzida na Alemanha deverá vir de fontes renováveis, a outra metade virá das usinas termelétricas.
Mais tarde do que o previsto
A lei introduzida pelo ex-chanceler federal social-democrata Gerhard Schröder, que governou em coalizão com os verdes, previa o abandono da energia nuclear em 2020. Até que, em setembro do ano passado, Angela Merkel decidiu prorrogar as atividades das centrais atômicas.
Segundo os planos do governo Merkel, as unidades mais recentes, construídas depois de 1980, funcionariam 14 anos a mais do que o programado durante o governo de Schröder. Já as plantas mais antigas deveriam permanecer ativas por mais oito anos. Depois do acidente da usina de Fukushima, no Japão, o governo alemão decidiu, no entanto, rever essa decisão e declarou uma moratória nuclear, que vence em meados de junho.
Há anos que o movimento antinuclear vem ganhando força na Alemanha e a oposição pública a esse tipo de energia cresceu. Derrotas eleitorais sofridas pelo partido de Merkel recentemente foram vistas como parte desse descontentamento da população.
NP/rtr/dpa/afp
Revisão: Carlos Albuquerque