Ajuda para uma moderação islâmica
22 de outubro de 2003A senhora disse que investimentos em política de desenvolvimento são a política de segurança menos dispendiosa. Isto certamente diz respeito também ao Afeganistão. Quantos ajudantes a senhora quer enviar para lá e quais são suas tarefas?
A meta é contribuir para que o Afeganistão se estabilize política, econômica e socialmente e tenha a chance de ser um país islâmico moderado, que possa viver em paz interna e também externamente. E nós planejamos enviar aproximadamente 50 ajudantes para a ação em Cunduz. (A Alemanha vai mandar uma tropa de até 450 soldados para garantir a segurança na reconstrução dessa cidade).
E quais serão as tarefas?
São principalmente ajudar aqueles sem trabalho e sem renda, os desmobilizados do Exército, por exemplo, que não têm nenhuma chance, e também os jovens desempregados. Isto significa que todos os nossos projetos são de ajuda, por exemplo, construção de estradas, obras para garantir água potável e escoamento de esgotos, o que é um grande problema lá. Nós pretendemos fazer com que as pessoas tenham uma ocupação primeiramente na construção das obras de que a população mais precisa e que sejam pagas pelo seu trabalho.
Quais as organizações alemãs que vão participar?
São as organizações alemãs que executam a cooperação ao desenvolvimento. Mas também estamos dispostos a atuar com outros parceiros e se ONGs quiserem participar elas também serão convidadas. Mas elas próprias podem decidir.
O desemprego é um grande problema e a pobreza também, sobretudo entre os agricultores. Um grande problema do Afeganistão é que muitos agricultores cultivam papoula para produção de heroína. O governo alemão também participa dos programas existentes destinados a uma substituição do cultivo da matéria-prima da heroína por outras plantas?
Na região de Cunduz existe uma província em que isto é um problema especial. Não é o caso nas outras três províncias. Mas em geral, o problema de cultivo de papoula e mesmo a produção da droga é uma ameaça evidente no país, tanto para a população atual quanto para o futuro do país. Quer dizer que quem não fizer nada para a estabilização do país permite que tais grupos desenvolvam livremente suas atividades criminosas e nós queremos evitar isto. O mais importante é oferecer alternativas para que as pessoas tenham uma fonte de renda fora desse setor perigoso. Mas temos também que obstruir os mercados consumidores de heroína e para isto a Alemanha contribui com treinamento da polícia de fronteira no Afeganistão neste setor com a meta de evitar possibilidades de venda fora do país. Quer dizer, de um lado se incentiva o cultivo alternativo da matéria-prima e, de outro, se combate o mercado de venda da heroína.
Dentro de poucos dias será realizada em Madri uma conferência de doadores de recursos para o Iraque. Lá existem também grandes tarefas de reconstrução e os Estados Unidos estão visivelmente sobrecarregados. Qual é a sua posição sobre uma participação financeira da Alemanha para ajudar as pessoas necessitadas de lá? (A Alemanha foi, categoricamente, contra a guerra dos EUA e Grã-Bretanha).
Nós já prestamos até agora uma ajuda humanitária direta de 50 milhões de euros. Da ajuda da União Européia, a nossa parte é de 45 milhões de euros. Já demos uma ajuda através de Bruxelas no valor de 25 milhões de euros. Além disso, vamos contribuir com a reconstrução do Iraque, seja com ajuda ou créditos do Banco Mundial. Mas o mais importante é garantir a segurança no Iraque, para que haja uma transição pacífica para a soberania iraquiana e, principalmente, que a Organização das Nações Unidas (ONU) tenha um papel maior na reconstrução do país.