Refugiados em Lampedusa
15 de fevereiro de 2011Para lidar com o afluxo de refugiados da Tunísia, a União Europeia prometeu disponibilizar à Itália verbas e guardas de fronteira. "Queremos conceder assistência financeira à Itália e estamos preparando o emprego da agência da União Europeia Frontex", disse um porta-voz da Comissão Europeia nesta terça-feira (15/2) em Bruxelas.
A ajuda de emergência deve ser encaminhada "muito em breve" e pode vir do Fundo Europeu para os Refugiados, disse. A Itália já encaminhou o pedido de auxílio, informou o porta-voz. O ministro do Interior italiano, Roberto Maroni, disse na segunda-feira que solicitou à comissária de Assuntos Internos da União Europeia (UE), Cecilia Malmström, ajuda financeira no valor de 100 milhões de euros.
O porta-voz da comissária confirmou apenas que uma carta da Itália havia chegado a Bruxelas. "Agora consideraremos as medidas necessárias”, afirmou. Diante de um afluxo similar de refugiados no ano passado, Bruxelas colocou à disposição da Grécia 9,8 milhões de euros de ajuda de emergência, valor muito inferior ao que é pedido agora pela Itália.
Frontex se prepara para atuar na ilha
Segundo o porta-voz, os preparativos para atuação da guarda de fronteira da agência Frontex estão sendo realizados com toda a velocidade. Os guardas de fronteira devem estar disponíveis para entrar em ação dentro de alguns dias na ilha italiana de Lampedusa.
A situação em Lampedusa continua tensa, mesmo que nas últimas horas não tenham chegado novos barcos com refugiados da Tunísia. Depois da chegada de mais de 5 mil tunisianos, a terça-feira tem decorrido tranquila na pequena ilha rochosa ao sul da Sicília. No entanto, os primeiros imigrantes do Egito já desembarcaram na Sicília.
Egípcios chegam à Itália
Conforme noticiou a imprensa italiana, a guarda costeira do país capturou um barco pesqueiro com 32 egípcios diante da cidade de Ragusa. Uma parte dos ocupantes conseguiu fugir. A situação no Egito, entretanto, não pode ser comparada com a da Tunísia.
De acordo com informações do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), pelo menos quatro pessoas se afogaram durante a fuga da Tunísia rumo a Lampedusa. Há o temor de que traficantes de pessoas estejam tentando persuadir especialmente jovens a buscar uma vida melhor na Europa.
A porta-voz do Acnur, Melissa Fleming, disse nesta terça-feira em Genebra que a maioria dos mais de 5 mil refugiados é formada por homens jovens. O Acnur sabe da existência de pelo menos 20 mulheres e mais de 200 menores, dos quais a maioria está sem acompanhante, segundo Fleming.
Berlim não quer acolher refugiados
A Alemanha se opõe a que os refugiados que chegam aos países do sul da UE sejam distribuídos por outros países do bloco, declarou nesta terça-feira um membro de alto escalão do governo de Angela Merkel.
O vice-ministro de Interior, Ole Schröder, defendeu, em vez disso, que os refugiados ganhem melhores perspectivas em seus países de origem.
Schröder se alinhou, desta forma, à chanceler federal alemã, que afirmou na segunda-feira que "nem todos que não querem viver na Tunísia podem viver agora na Europa".
Oposição alemã a favor de asilo a norte-africanos
Ao mesmo tempo, Schröder rejeitou a proposta da oposição de social-democratas e verdes de acolher refugiados africanos na Alemanha. "Não se pode dizer que os países do sul da UE sejam especialmente afetados pelas ondas de refugiados", sublinhou o político democrata-cristão. Schröder recordou que a Bélgica recebeu no ano passado três vezes mais requerimentos de asilo político que a Itália e dez vezes mais que a Espanha.
A Suécia, segundo ele, acolheu cerca de 30 mil pedidos de asilo, o quíntuplo dos recebidos pela Itália. Na Alemanha, cerca de 41 mil pessoas encaminharam pedidos de asilo em 2010.
MD/dpa/afp
Revisão: Carlos Albuquerque