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Acidente com trem-bala: roda é protagonista no julgamento

lk30 de agosto de 2002

Faz quatro anos que 101 pessoas morreram no mais grave acidente ferroviário da Alemanha.

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As imagens do ICE acidentado em junho de 1998 correram o mundoFoto: AP

Um pedaço de metal enferrujado e retorcido como um saca-rolhas, preso a uma base de madeira e postado a um canto do tribunal é testemunha muda num difícil julgamento que teve início esta semana em Celle.

Trata-se do fragmento de uma roda do ICE que arrebentou no dia 3 de junho de 1998 nas proximidades de Eschede, quando o trem-bala se encontrava a caminho entre Munique e Hamburgo a 200 quilômetros por hora, causando o mais grave acidente ferroviário da história da Alemanha. Um dos vagões descarrilou e bateu contra uma ponte, que desmoronou sobre os demais vagões, engavetados como uma sanfona. As imagens chocaram a Alemanha, correram o mundo e abalaram seriamente a fama do trem como meio de transporte seguro.

A roda estaria gasta demais e já teria uma fissura antes de sair para a viagem. Três réus são acusados pelo Ministério Público de não terem percebido isso e de não terem feito os controles necessários para detectar a fissura a tempo: dois engenheiros da empresa ferroviária Deutsche Bahn e um técnico da empresa fabricante da roda.

Peritos internacionais —

A busca de provas, no entanto, é altamente complexa, o que se reflete no número de 500 páginas de expertises técnicas que os promotores anexaram às atas do processo. Os advogados de defesa, por sua vez, foram buscar ajuda no exterior: peritos do Japão, Suécia e África do Sul devem provar que os funcionários não têm culpa no ocorrido, ou seja, que a roda era apropriada para o tráfego ferroviário em alta velocidade e tinha ainda um perfil adequado ao uso.

Ao abrir a primeira audiência, na quarta-feira (28), os promotores levaram 45 minutos só para ler os nomes, datas de nascimento e óbito dos 101 mortos, bem como os nomes dos 105 feridos. Até o pronunciamento da sentença, o processo pode chegar a durar um ano.