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Abandonos elevam isolamento de Dilma

Fernando Caulyt13 de abril de 2016

Um partido atrás do outro deixa a base aliada ou orienta voto a favor do impeachment, enfraquecendo cada vez mais a luta do governo para tentar manter a presidente no cargo.

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Foto: picture-alliance/dpa/F. Bizerra

As decisões do PP e do PRB de apoiar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na votação deste domingo (17/04) no plenário da Câmara dos Deputados diminuiu ainda mais os ânimos no Palácio do Planalto e enfraqueceu a luta do governo contra a destituição.

Com 47 deputados em exercício, o PP é a quarta maior legenda na casa e era uma das apostas do governo para tentar barrar o processo de impeachment na votação no plenário, especialmente após a saída do PMDB da base governista, no final de março.

O PP já enviava sinais de descontentamento com Dilma ao Palácio do Planalto: em votação na comissão especial do impeachment, três dos cinco representantes do partido decidiram pelo prosseguimento do processo de destituição da presidente. O PRB, com seus 22 deputados, também orientou na noite desta terça-feira sua bancada a votar contra o governo.

Nesta quarta-feira deverá ser a vez do PSD – com 32 deputados, o sexto maior partido na Câmara dos Deputados – sair da base aliada e orientar seus membros a apoiar o impeachment. Líderes já disseram que a maioria dos deputados do partido é a favor do afastamento de Dilma.

O passo a passo do impeachment

Segundo analistas ouvidos pela DW, as posições adotadas por PP, PRB e PSD podem criar um "efeito manada" e o abandono dos poucos partidos que ainda são a favor de Dilma. O maior deles é o PR, que tem 40 parlamentares e é a quinta maior agremiação na casa parlamentar.

"A perda do PP já é, em si, um problema imenso para o governo. Ao lado do PT, ele era a maior legenda que sobrara na base da presidente", afirma o cientista político Cláudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "A saída do PP dá início a um efeito 'bola de neve' e faz com que os partidos menores calculem que, se com o PP já era difícil, sem ele fica quase impossível. Assim, o isolamento da presidente ficará maior ainda."

Para Márcio Coimbra, coordenador do MBA Relações Institucionais do Ibmec-DF, o efeito cascata era exatamente o que o governo tentava evitar. "Hoje, o pêndulo está mais pesado para o lado pró-impeachment. O PT não tem muita coisa a oferecer e, assim, ninguém quer estar do lado do perdedor. Se o PR for o próximo a sair, o impeachment estará sacramentado", opina.

Infografik wie funktioniert das Amtenthebungsverfahren von Dilma Rousseff brasilianisch

Nova estratégia do governo

Como termômetro do impeachment, três jornais brasileiros indicam por meio de suas enquetes que entre 284 e 309 deputados federais são a favor da destituição de Dilma e entre 110 e 126 são contra. O número de indecisos encontrados pelas publicações varia entre 79 e 115. São necessários dois terços – 342 de um total de 513 parlamentares – para que o processo seja aberto na Câmara e enviado ao Senado.

Agora, a estratégia do governo é tentar garantir votos do PR e de outros partidos menores. Além disso, o Planalto quer fazer uma ofensiva diretamente com os parlamentares – e não com as cúpulas dos partidos – por meio de cargos de segundo e terceiro escalões para ganhar votos de deputados dessas legendas e de indecisos.

"Essa estratégia não deve dar certo, porque, se já é difícil negociar coletivamente, individualmente é ainda mais complicado", afirma Couto. "Porque, primeiro, o parlamentar vai receber 'migalhas' e, segundo, ele sabe que tem mais a ganhar fazendo um jogo coletivo junto com o partido do que entrando na 'banda do eu sozinho'. Por isso, dificilmente alguém será seduzido por esse tipo de oferta."