A "volta" de Bowie a Berlim
Depois de passar por Londres e São Paulo, exposição "David Bowie" chega à capital alemã, mostrando a vida e a obra da lenda britânica.
O retorno
Depois do sucesso da estreia no Museu Victoria and Albert em Londres, e de uma bem-sucedida temporada no Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo, a exposição "David Bowie" finalmente chega a Berlim. A mostra multimídia, que está em cartaz de 20 de maio até 10 de agosto no Martin-Gropius-Bau, marca o retorno de Bowie para uma cidade na qual ele escreveu parte da história da música pop.
Fã inusitado
Além de inúmeras estrelas e celebridades do cinema, a abertura da exposição em Berlim contou com o ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, que se revelou um grande fã de Bowie. "Heroes" é sua canção favorita: "se Berlim tivesses uma trilha sonora, esse seria, sem dúvida, sua música título", disse o político.
Os primeiros passos
David Jones nasceu em 1947 em um bairro operário no sul de Londres e, desde cedo, circulava na cena musical da cidade. Aos 16 anos, se juntou à banda Kon-Rads (foto de 1963) como saxofonista. Em 1965, ele adotou o nome artístico de David Bowie, com o qual, mais tarde, se tornaria famoso. Até hoje, ele é considerado um dos artistas mais visionários da história da música.
Início conturbado
Bowie é fortemente influenciado pela música beat e o rock dos anos 1960, mas havia algo a mais em sua cabeça que estava musicalmente à frente de seu tempo. Após passar, sem sucesso, por algumas bandas cover, em 1967, ele teve a chance de gravar seu álbum de estreia, pela gravadora Deram. As vendas do disco foram fracas. A exposição em Berlim documenta todas as diferentes fases de sua carreira.
Enigmático como a esfinge
Em 1969, Bowie deu um grande passo em sua carreira na banda T.Rex. No ano seguinte, ele foi finalmente descoberto como músico com seu primeiro disco de sucesso "The man who sold the world", que além de vender bem, foi um sucesso de crítica. A partir daquele momento, ele não mudava apenas seu figurino para os shows, mas começava a construir sua imagem andrógena.
De outro planeta
Essa foto feita por Brian Duffy ilustra a capa de um dos álbuns mais inovadores na história da música. Mesmo antes de seu lançamento, mais de 100 mil cópias haviam sido encomendadas pelas lojas britânicas, feito não alcançado nem pelos Beatles. Bowie levou, em 1973, as músicas de "Aladdin Sane" para os palcos do mundo, dando início a sua carreira internacional. Hoje, ele vive em Nova York.
A vida na cidade dividida
As turnês mundiais levaram David Bowie ao extremo de sua existência. Em meio às drogas, exausto e perdido, ele acaba alugando um apartamento no bairro de Schöneberg em Berlim – não muito longe do muro. No legendário Estúdio Hansa, ele criou três novos álbuns, entre 1976 e 1979, seu período mais criativo. Bowie é também um talentoso artista plástico.
Visual alienígena
O excêntrico artista tem sua marca registrada: as duas cores que aparecem em suas pupilas são resultado de uma lesão ocular. Em uma briga na escola, o anel de um colega foi de encontro ao olho esquerdo do jovem David Jones. Alguns anos mais tarde, o visual passou a fazer parte de sua imagem de estrela pop – acompanhados por penteados extravagantes e figurinos brilhantes.
A galáxia musical
Em 1968, o jovem Bowie assistiu no cinema ao grandioso "2001, Uma Odisséia no Espaço". O fantástico mundo das galáxias alienígenas marcou o resto de sua obra artística. Na música "Space Oddity" ele criou o personagem do astronauta Major Tom, que também aparece em "Ashes to Ashes" e "Hallo Spaceboy". Esse objeto faz parte do arquivo pessoal de Bowie.
Pequena decepção
Embora tenha cedido seu arquivo pessoal para a exposição, David Bowie, hoje com 67 anos, não veio para a abertura da mostra em Berlim, para a decepção de seus fãs. Apesar disso, o músico declarou que viveu em Berlim seus momentos mais felizes. Na atmosfera especial que a cidade vivia dividida pelo muro, ele venceu o vício das drogas e teve seu ápice de criatividade.