A ressurreição do Borussia Dortmund
2 de outubro de 2018Difícil imaginar que não haja um torcedor do Borussia Dortmund ou um fã do futebol bem jogado, que não se lembre com saudades daquele começo da atual década, quando o time comandado pelo carismático Jürgen Klopp encantou a todos com sua forma insinuante de jogar bola.
De 2010 a 2012 os aurinegros reinaram absolutos na Bundesliga, desbancando em duas temporadas consecutivas o sempre todo poderoso Bayern Munique. Foram os dois últimos títulos de campeão alemão vencidos pelo BVB, que, de quebra, conquistou também a Copa da Alemanha.
É verdade que ainda chegava à uma final da Champions League em 2013 quando foi derrotado pelo seu arquirrival bávaro, mas a partir daí as coisas começaram a desandar em Dortmund.
Klopp pegou o seu chapéu em 2015 e, no decorrer dos anos subsequentes, jogadores que compunham a espinha dorsal do time foram embora. Não foram poucos, alguns inclusive no auge de sua forma.
Mario Götze, Shinji Kagawa e Nuri Sahin se mandaram ainda nos seus tempos áureos e, quando voltaram ao clube, já não eram mais os mesmos.
Outros se foram e não voltaram mais: Lewandowski, Gündogan, Mkhitarian, Aubameyang e Hummels. Eram jogadores que, em dado momento, compunham a espinha dorsal do time.
Acrescente-se a aposentadoria de alguns veteranos como Kehl e Subotic, além das permanentes contusões do principal astro da equipe, Marco Reus, e se obterá uma receita pronta para uma instabilidade perene do elenco.
Sem contar que, desde a saída de Klopp em 2015, o elenco profissional do clube esteve sob o comando de quatro técnicos diferentes: Thomaz Tuchel, Peter Bosz, Peter Stöger e agora, Lucien Favre.
Tuchel teve um grave desentendimento com a diretoria, e Bosz, assim como Stöger, só foram contratados para quebrar o galho até que se encontre um treinador à altura das tradições do clube.
Parece que acharam.
No início do campeonato, o time deu umas vaciladas. Favre não tinha encontrado ainda a melhor formação nem a melhor maneira de jogar do time titular. Mas, a julgar pelas últimas três partidas de sua equipe na Bundesliga, o técnico encontrou a fórmula ideal de mesclar segurança defensiva com aguerrimento ofensivo.
Também no futebol os números não costumam mentir. Nestes três últimos jogos do Dortmund, a conceituada revista Kicker escalou para sua seleção de cada uma das últimas três rodadas seis jogadores aurinegros, sendo que dois (Reus e Hakimi) foram nominados em duas oportunidades.
Até agora já foram disputadas seis rodadas. Para cada uma delas, a Kicker escalou uma seleção. O time que mais contribuiu com jogadores foi o Borussia Dortmund. Foram 12 nomeações. Bayern, Gladbach e Hertha dividem a vice-liderança neste quesito com oito cada.
Outro detalhe: o time melhora muito de rendimento quando se utiliza de todo seu potencial ofensivo formado por Pulisic, Sancho, Alcacer e Reus. Certamente não é à toa que o Borussia Dortmund ostenta à esta altura do campeonato o ataque mais eficiente da Liga, com 19 gols marcados bem à frente das linhas ofensivas de Bayern, Hertha e Gladbach, respectivamente com 12 gols cada.
E tem mais: de acordo com a avaliação da Kicker, dos dez melhores jogos disputados até agora, com notas de 8 a 10, em quatro o Borussia Dortmund estava em campo. Destas quatro partidas, eles venceram três e empataram uma. Ou seja, as notas altas dadas às partidas foram por conta do bom desempenho dos comandados de Lucien Favre.
Notável também é a ascensão irresistível do capitão Marco Reus, tanto física como tecnicamente. No aspecto físico é importante ressaltar que ele disputou seu 12º jogo consecutivo na Bundesliga e não se contundiu. Pode ser considerado um feito, porque a última vez que isto aconteceu foi há mais de quatro anos, na temporada 13/14. De 2014 até março de 2018, Reus vivia contundido.
No quesito "scorer” (gols + assistências) Reus lidera na Liga com oito pontos (quatro gols e quatro assistências). Fica demonstrado mais uma vez (como se fosse necessário) que Marco Reus, quando está em plena forma, é um dos melhores jogadores da Bundesliga
São números e fatos que dão alento ao apaixonado torcedor de Dortmund, que começa a reviver os melhores momentos do BVB de alguns anos atrás e quer ver acontecer tudo de novo.
Borussia Dortmund – melhores momentos, ver de novo. Por que não?
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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no Twitter, Facebook e no site Bundesliga.com.br
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