A relativa paz no Afeganistão
31 de janeiro de 2004A Força Internacional de Segurança no Afeganistão (ISAF) é numerosa. Sua missão de paz é garantir a estabilidade e colaborar com a reconstrução do país. Na região de Cunduz, onde Peter Struck, ministro alemão da Defesa, esteve pela primeira vez, estão estacionados 210 soldados e 25 civis alemães.
As condições não são das mais favoráveis. O transporte e a alimentação das tropas são um desafio diário. A área de atuação dos soldados na região norte do Afeganistão é tão grande quanto a extensão geográfica de dois Estados alemães, a Baviera e Hesse, juntos, o que dificulta o controle.
Apesar isso, felizmente os primeiros contatos das tropas com a população local transcorrem sem maiores problemas. "Até agora os nossos soldados não foram vítimas de atos de ódio ou rejeição e esperamos que continue assim", destacou Struck.
Cunduz foi escolhida pelos alemães justamente por ser uma região de certa estabilidade. Apesar da paz aparente, a presença de soldados estrangeiros não é aceita por todos os nativos. "Realmente só podemos usar a expressão segurança relativa", admitiu o ministro alemão depois de conversar com o comandante alemão em Cunduz.
Perigos latentes
Struck não descarta a hipótese de que justamente o norte do país possa ser alvo de atividades dos talibãs, que estão espalhados pela região de Cunduz. Os recentes atentados contra soldados da ISAF em outras localidades são prova de que a segurança no Afeganistão está longe de ser considerada estável. A proximidade das primeiras eleições diretas no país também é apontada pelo ministro alemão como um bom motivo para desencadear mais atos de violência por parte dos opositores.
A missão Enduring Freedom, onde milhares de soldados americanos e ingleses prosseguem no combate contra remanescentes do antigo regime talibã e supostos membros da organização terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, é considerada perigosa. Sob esta bandeira, equipes de americanos, ingleses e neozelandeses também trabalham na reconstrução do país.
A Alemanha não participe desta missão e as tropas estacionadas em Cunduz integram exclusivamente a ISAF e estão sob o comando da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com o intuito de contribuir para a segurança da reconstrução do país. Mesmo assim, é previsível que nem todos reconheçam imediatamente a diferença entre as tropas.
"Não" com veemência
Outro motivo para preocupação na região de Cunduz é o plantio em larga escala da papoula, usada como matéria-prima para heroína, e o narcotráfico. Apesar dos apelos, o governo alemão não permite que suas tropas interfiram nesta questão. "Não vamos nos intrometer. Os soldados alemães não participarão do combate ao plantio e ao comércio de drogas", frisou Struck, lembrando que a missão é restrita à segurança do trabalho de reconstrução.
Em sua visita, o ministro da Defesa acentuou que as tropas alemãs estão bastante motivadas mesmo com as condições precárias. Ele anunciou que pretende prorrogar mais uma vez a missão das Forças Armadas alemãs no Afeganistão, prevista inicialmente para terminar em outubro de 2004.