Obama na Alemanha
24 de julho de 2008
Papel dos EUA no mundo
"Acho que os Estados Unidos são a última e a melhor esperança do mundo. Só temos que mostrar que esse é realmente o caso. O presidente [Bush] chefia a Casa Branca, mas a liderança mundial está vaga há seis anos. É hora de reocupá-la."
Obama pretende se dedicar mais que o governo Bush às alianças internacionais e reduzir as manobras isoladas norte-americanas, sem – no entanto – excluir de todo esta alternativa. Ele anunciou que tentará restabelecer o contato direto com países como a Síria e o Irã, com os quais os EUA estão em conflito atualmente. Obama quer aumentar o número de representações americanas no exterior – sobretudo na África.
Política de defesa e guerra contra o terrorismo
"O primeiro passo deve ser recuar do campo de batalha errado, no Iraque, e assumir a luta contra os terroristas no Afeganistão e no Paquistão."
Obama se posicionou explicitamente contra a guerra no Iraque e anunciou a retirada das tropas norte-americanas do país. Em compensação, ele quer aumentar o contingente de soldados no Afeganistão de 7 mil para 10 mil. A prioridade de Obama é o Afeganistão. Para McCain, por sua vez, o Iraque é prioridade. Obama quer exigir dos parceiros da Otan mais empenho em operações militares conjuntas, sobretudo no Afeganistão.
Assim como McCain, Obama apóia a criação de um escudo antimísseis norte-americano. Ambos defendem uma reforma do sistema de licitação pública para a indústria bélica. Obama anuncia que sua meta é um mundo livre de armas nucleares. Quanto a isso, ele pretende negociar com a Rússia estratégias desarmamentistas.
Relações comerciais internacionais
"Nem todo acordo comercial é um bom negócio."
Quanto à economia mundial, as propostas de Obama são vagas. Ele é mais crítico que McCain no que diz respeito à liberalização das relações comerciais internacionais. Ele rejeita, entre outras coisas, um acordo de livre comércio com a Colômbia e a Coréia do Sul, mas favorece um acordo com o Peru. Para ele, qualquer acordo deveria respeitar, no entanto, os padrões trabalhistas e ambientais. Assim, Obama exige novas negociações com o México e o Canadá sobre o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), a fim de incluir esses padrões.
O candidato democrata elogia o modelo econômico liberal dentro dos EUA, mas quanto às relações comerciais internacionais, defende sobretudo a proteção dos empregos dentro do país. Se eleito presidente, ele será contra qualquer acordo que mine a segurança econômica dos EUA.
Clima
"A mudança do clima é um dos maiores desafios morais da nossa geração."
Obama exige a fixação de um limite máximo de emissão de gases causadores do efeito estufa e o comércio de direitos de emissão nos Estados Unidos. Ele anuncia que pretende cooperar com as organizações de proteção ao clima da ONU, mas não se compromete a assinar o Protocolo de Kyoto ou qualquer acordo que o suceda. Sua proposta é convocar os países do G8, a China, a Índia, o Brasil, o México e a África do Sul a negociar conjuntamente questões globais de energia.
Imigração
"Temos que compreender que a imigração dentro dos moldes legais é uma fonte da energia deste país."
Obama quer maior rigor contra empresários que empregam pessoas sem visto de permanência. Seu programa para trabalhadores estrangeiros prevê que imigrantes ilegais paguem uma multa, aprendam inglês e tenham direito de requerer regulamente a cidadania norte-americana. Sobretudo o México e os países latino-americanos estão pressionando os EUA a adotar uma política de imigração mais liberal.
Europa
"A fim de reforçar o papel de liderança dos EUA no mundo, quero reatar alianças e parcerias e reativar instituições necessárias para enfrentar as ameaças comuns e garantir maior segurança."
Obama pretende melhorar a imagem dos EUA na Europa. Ele quer "tratar os aliados com respeito e restabelecer a autoridade moral dos EUA", segundo consta de seu site. A União Européia é denominada a maior parceira dos EUA em comércio e investimentos. Obama apóia o processo de expansão da UE e a Turquia em sua meta de ingressar na comunidade.
Iraque
"Vou acabar com essa guerra."
Obama anunciou iniciar a retirada das tropas do Iraque dentro de 16 meses. Ele pretende transferir para o governo em Bagdá a responsabilidade pela segurança no país. As forças de segurança deverão continuar sendo treinadas e algumas tropas americanas permanecerão no Iraque, a fim de executarem operações específicas. Obama se diz contra a criação de bases militares permanentes no país do Golfo.
Afeganistão
"Se houver mais algum ataque contra o nosso país, provavelmente ele virá da mesma região onde se planejou o 11 de Setembro. Mesmo assim, temos cinco vezes mais soldados no Iraque do que no Afeganistão."
Para Obama, o Afeganistão é a mais importante plataforma de combate ao terrorismo. Ele quer enviar mais tropas americanas à região, ao mesmo tempo em que critica o presidente afegão, Hamid Karzai, por não ter avançado o suficiente no preocesso de reconstrução do Estado de direito, da polícia e da administração do país.
Irã
"Recorrerei ao poder americano, a fim de exercer pressão sobre o regime iraniano – a começar, com diplomacia direta, íntegra e agressiva, com o respaldo de sanções rigorosas e sem condições prévias."
Obama quer negociar diretamente com Teerã o programa nuclear iraniano. Caso o Irã mude sua política atômica, ele se propõe a pleitear o ingresso do país na Organização Mundial de Comércio e normalizar as relações diplomáticas entre Washington e Teerã. Caso contrário, a pressão econômica e política aumentará ainda mais. Obama declarou ser contra as ameaças de guerra do governo Bush.
Conflito no Oriente Médio
"Os empenhos pela paz começam com uma defesa clara e enérgica da segurança de Israel, nosso aliado mais próximo e a única democracia da região."
Obama anunciou que pretende se esforçar por um acordo de paz entre israelenses e palestinos. Ao contrário de McCain, ele também visitou os territórios palestinos durante sua passagem por Israel, mas irritou os palestinos ao defender que uma Jerusalém não dividida se torne a capital israelense.
América Latina
"É hora de uma nova aliança entre as Américas. Após termos exigido reformas de cima para baixo durante décadas, precisamos de um plano para propiciar democracia e segurança a partir de baixo."
Obama quer atenuar a política americana em relação a Cuba, mas ao mesmo tempo manter o embargo comercial. Cubanos exilados devem poder visitar suas famílias sem restrições e enviar dinheiro a Cuba. Obama defende uma "diplomacia bilateral, íntegra e agressiva". Caso o regime cubano dê sinais de abertura democrática, Obama se propõe a amenizar as sanções comerciais.
A fim de combater a violência decorrente do tráfico de drogas e a criminalidade de gangues, Obama tem um plano de segurança que se estende da América Central até a América do Sul. Além disso, ele anunciou combater não apenas o fluxo de drogas nos Estados Unidos, mas também o tráfico de armas dos EUA para o México. Ao mesmo tempo, apóia o plano antidrogas para a Colômbia, que prevê uma ajuda financeira de bilhões de dólares aos militares do país. Os recursos deveriam fortalecer as instituições colombianas.
África
"A corrupção da qual ouvi falar, quando visitei certas partes da África, existe há décadas, mas o ímpeto de combater essa corrupção é uma força crescente e poderosa entre os africanos. Nas regiões onde grassam medo e miséria, temos que vincular nossa ajuda a um insistente apelo por reformas."
Como senador, Obama viajou à África e visitou, entre outros países, o Quênia, onde seu pai nasceu. Na Comissão de Política Externa, ele defende uma solução para os conflitos em Darfur e no Congo.
Obama também quer liberar mais recursos para o combate à propagação da aids, malária e tuberculose na África. Ele apóia as metas do milênio da ONU e já anunciou que pretende duplicar as verbas de ajuda ao desenvolvimento para 50 bilhões de dólares.
Ásia
"Um país economicamente forte e politicamente mais ativo como a China abre novas possibilidades na Ásia, mas também impõe novos desafios aos EUA e nossos aliados na região."
Obama se pronunciou bem pouco sobre a Ásia. Ele ressaltou a parceria com o Japão, a Coréia do Sul e a Austrália. Ele acha que a diplomacia deveria ir além de conversas e encontros bilaterais. A China deveria "se ater às regras internacionais".