K.I.Z. e o hip hop em 2011
19 de dezembro de 2011Diversão e redenção são duas maneiras fáceis de agregar pessoas. Na maioria dos casos, a intensidade está diretamente ligada ao número de ouvintes sedentos. Essa é a maneira mais simples de entender o sucesso do K.I.Z., banda de Berlim que faz um hip hop criativo, misturando elementos das ruas e dos clubes em nome de noites de farra que não deveriam ser esquecidas.
O que deve ser lembrado é que a festa acaba e no dia seguinte vem a ressaca. No caso do K.I.Z., a diversão é garantida pela mistura entre hip hop, rap e batidas eletrônicas e pelas referências à cultura pop. Já a ressaca está nas muitas declarações e letras polêmicas, que passam longe do politicamente correto, muitas vezes adentram o mau gosto e abordam temas que vão do sexismo à escatologia.
Mesmo que isso nem sempre fique claro, a atitude do K.I.Z. não é para ser levada a sério. O humor negro da banda inclui elementos do universo do gangsta rap, como a violência. "Falamos de tudo que achamos engraçado. Quando cansamos, mudamos de assunto. Não há limites para a diversão", declarou a banda em entrevista à DW Brasil.
Pense e dance
Do rap a banda herdou não apenas o universo dos carros, armas e garotas, como também – no meio de tanta diversão e ironia – a temática social, presente em algumas das letras. “Para nós não existe uma fronteira entre o polêmico e o político”, completou a banda, num raro momento em que o discurso fugiu do humor.
Em relação ao seu mais recente disco, Urlaub fürs Gehirn (férias para o cérebro, em alemão), os integrantes do K.I.Z. são bem diretos. “Cada álbum que fazemos é melhor que o anterior, acredito que este ano chegamos perto da perfeição. O titulo é ideal para o que queremos atingir”, afirmam.
A sonoridade do disco é bem eclética, flertando com o pop em músicas como Fremdgehen ou na quase balada Abteilungsleiter der Liebe; com o rap em Doitschland schafft sich ab; e com as batidas eletrônicas em Heiraten.
Mas depois de festas, polêmicas, um disco bem-sucedido que chegou ao quarto lugar das paradas e uma extensa turnê por Alemanha, Áustria e Suíça, como foi 2011 para o K.I.Z.? “Escutamos muito Scooter e Rummelsnuff, ganhamos muito dinheiro, mas estamos morrendo de dor nas costas”, declararam. Piada ou não, é impossível ficar imparcial ao K.I.Z.
Rock, rap e amor
O grande nome do hip hop em 2011 na Alemanha foi sem dúvida Casper. O disco XOXO não apenas foi um enorme sucesso comercial, alcançando o primeiro lugar entre os discos mais vendidos do país e tendo seus singles executados sem parar nas rádios, como também criou uma sonoridade própria, misturando hip hop com indie rock.
A mistura, que é popular nos Estados Unidos e em outros países da Europa, não é muito comum na Alemanha, e Casper consegui atrair não só fãs de hip hop como também de rock. O jovem músico alemão, que passou a infância nos Estados Unidos, tem uma rima rápida e energética, mas bem pessoal, quase emo, o que se completa com as referências ao rock e com a criatividade no uso dos teclados e bateria.
O romantismo também pontua o trabalho de outro rapper que foi destaque em 2011. Prinz Pi tem apenas 32 anos e já lançou 14 álbuns. Só este ano foram dois discos. Falando de amor e suas facetas, Rebell ohne Grund (rebelde sem causa), lançado no começo do ano, foi o mais bem-sucedido dos dois.
Quem também voltou e deu um gostinho do que será um dos grandes lançamentos de 2012 foi Peter Fox e sua banda Seeed. Os berlinenses mostraram todo o seu swing com o explosivo single Molotov/ Wonderful life. Mesmo ainda sem data definida, a banda deve lançar seu próximo disco no ano que vem, já que uma extensa turnê foi anunciada para novembro. Se depender do Seeed, 2012 será bem animado.
Autor: Marco Sanchez
Revisão: Alexandre Schossler