Chanceler federal
Publicado 8 de janeiro de 2014Última atualização 19 de julho de 2021A democrata-cristã Angela Merkel foi reeleita à chefia de governo da Alemanha em 14 de março de 2018, pelo Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão, para mais quatro anos de governo (2017 a 2021).
Ela obteve a maioria absoluta necessária dos votos logo no primeiro escrutínio.
Entre os 709 deputados, foram contabilizados 688 votos válidos, dos quais 364 a favor de Merkel, apenas nove votos a mais do que o necessário. Ao todo, 315 deputados votaram contra e nove se abstiveram.
A grande coalizão com os social-democratas, alcançada por Merkel após meses de difíceis negociações, contava ao todo com 399 votos, o que significa que pelo menos 35 deputados de sua própria coalizão não votaram nela. O fato, porém, não é inédito: em 2017 ela recebeu 42 votos a menos do que o número de deputados da grande coalizão. Também em 2009 e 2005 nem todos os deputados dos partidos da coalizão de governo votaram nela.
Foi a quarta vez que Merkel foi eleita chanceler federal, depois de 2005, 2009 e 2017. Após a eleição, ela foi oficialmente nomeada pelo presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier no Palácio Bellevue, residência oficial do chefe de Estado. Logo depois, retornou ao Bundestag para a cerimônia de juramento.
Obstáculos iniciais
Primeira mulher na chefia de governo na Alemanha, ela fora eleita pela primeira vez em 22 de novembro de 2005, então com 397 de 611 votos.
A aventura da União Democrata Cristã (CDU) com Merkel começou no ano 2000, quando o partido enfrentava a pior crise de sua história, decorrente de um escândalo de corrupção e financiamento obscuro da legenda. Nas eleições de 2002, a líder da CDU cedeu a candidatura ao cargo de chanceler federal a Edmund Stoiber, governador da Baviera e presidente da aliada União Social Cristã (CSU).
Stoiber perdeu o pleito por estreita margem de votos para Gerhard Schröder, candidato do SPD em coalizão com o Partido Verde. A derrota dos social-democratas nas eleições estaduais na Renânia do Norte-Vestfália, em maio de 2005, e a moção de confiança solicitada por Schröder no Parlamento representaram nova chance para Merkel.
Antes de ser nomeada candidata à chefia de governo, ela enfrentou resistência dentro do próprio partido. Críticos afirmavam faltarem-lhe os atributos que, de acordo com estereótipos propagados no país, caracterizam um líder político bem-sucedido: o tempo de aprendizado na ala jovem do partido, uma forte rede de relações, poder incontestável dentro da legenda e, sobretudo, elegância no relacionamento com a mídia.
Carreira fulminante
Filha de pastor luterano, Angela Dorothea Merkel nasceu em 17 de julho de 1954 em Hamburgo, mas cresceu em Templin, no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental (leste do país). Estudou Física em Leipzig, onde trabalhou na Academia das Ciências e fez doutorado.
Subiu ao palco da política somente após a derrocada do comunismo, em 1989, como porta-voz do primeiro governo democrático da República Democrática Alemã (RDA): Assim se iniciava uma carreira fulminante.
Angela Merkel, nascida Kastner, é separada do primeiro marido e casada com o professor de Química Joachim Sauer. Protestante e sem filhos, ela nunca se encaixou no perfil da "velha CDU", dominada por homens católicos do oeste alemão e de raiz conservadora.
A "menina de Kohl"
O então chanceler federal Helmut Kohl entregou-lhe o Ministério da Família, Idosos, Mulheres e Juventude, e mais tarde, o do Meio Ambiente, entre 1991 e 1998. A imprensa rotulou-a "menina de Kohl", insinuando que devia seus postos exclusivamente à proteção do então chefe de governo.
O sucessor de Kohl na presidência da CDU, Wolfgang Schäuble, a indicou para o cargo de secretária-geral do partido. Após o escândalo de doações ao partido, Merkel foi escolhida para reerguer a CDU.
Muitas das velhas e novas raposas do partido imaginavam que seria fácil livrar-se dela, depois que tivesse feito o trabalho de faxina. Merkel, porém, firmou-se no comando da legenda. Foi a primeira a se distanciar claramente das maracutaias de Kohl e, mais tarde, até conseguiu se reconciliar com o ex-líder democrata-cristão.
"Não devemos ocultar que a Europa é profundamente marcada pela tradição judaico-cristã. Em grande parte, a Europa passou pelo Iluminismo. Essa foi uma fase importantíssima também no desenvolvimento do Cristianismo", diz.
A derrota de Stoiber para Gerhard Schröder nas eleições em 2002 acabou fortalecendo Merkel, que passou a acumular a presidência de seu partido e a liderança da bancada conjunta da CDU/CSU no Bundestag. Seus concorrentes tiveram de reconhecer que a "menina de Kohl" é extremamente autoconfiante e decidida no jogo do poder.
Todos os chanceleres federais alemães do pós-guerra
- 1949–1963 – Konrad Adenauer (CDU)
- 1963–1966 – Ludwig Erhard (CDU)
- 1966–1969 – Kurt Georg Kiesinger (CDU)
- 1969–1974 – Willy Brandt (SPD)
- 1974–1982 – Helmut Schmidt (SPD)
- 1982–1998 – Helmut Kohl (CDU)
- 1998–2005 – Gerhard Schröder (SPD)
- 2005– 2021 – Angela Merkel (CDU)