A batalha dos descontos
14 de setembro de 2003Encurraladas pelas vendas em baixa, as grandes montadoras alemãs lançaram-se em uma concorrência feroz — uma "verdadeira guerra de preços", nas palavras de Dieter Zetsche, da diretoria da DaimlerChrysler, em entrevista à DW-TV. Os pátios estão repletos, os novos modelos já sendo apresentados no Salão Internacional do Automóvel em Frankfurt, e o consumidor mostra-se reticente.
Tentando tirar da reserva
Uma promoção mirabolante segue a outra: devolução do imposto sobre circulação de mercadorias, concessão de vales para a compra de 1000 litros de gasolina ou do diesel correspondente, financiamento a juros irrisórios. Na compra de um veículo zero, elas estão se tornando a regra no mercado de automóveis na Alemanha.
A iniciativa imita uma prática que, de dois anos para cá, entrou em espiral nos Estados Unidos, onde o freguês pode contar atualmente com um desconto médio de 4000 dólares ao levar para casa um carro novo. Na Alemanha, o abatimento médio gira em torno de 2000 euros.
Mais danos do que vantagens
"O cliente agora não é mais rei, mas sim imperador", afirma Bernd Gottschalk, presidente da Federação da Indústria Automobilística Alemã (VDA), modificando um ditado popular alemão. Mas tentar atrair o consumidor por meio de descontos ou financiamento praticamente sem juros é, para ele, "o caminho errado" para solucionar a crise de mercado. Ele deveria, portanto, ser abandonado o mais rapidamente possível.
Esta esperança pode ser vã, caso se concretize a expectativa de Rick Wagoner, presidente da General Motors que, na Alemanha, é representada pela Opel. Presente em Frankfurt, Wagoner disse acreditar que a tendência de conceder descontos na Alemanha ainda vai continuar crescendo. "Mas eles nunca vão atingir o nível dos EUA", onde ele acredita que o pico deve ter sido atingido e logo será superado.
VW de fora
Bernd Pischetsrieder, presidente da Volkswagen, vê nos descontos um desenvolvimento perigoso. "Os descontos prejudicam a imagem de uma marca e estragam os preços de revenda, a longo prazo. Por mais que pareça engraçado, no fim são uma fraude contra o próprio consumidor." A VW não vai entrar nessa onda, garante Pischetsrieder.
As esperanças das montadoras depositam-se agora num reaquecimento das vendas motivado pelos novos modelos e pela esperada recuperação geral do mercado.