A arte pop alemã
O crescimento econômico do pós-guerra motivou artistas em Berlim, Munique e Frankfurt a capturar os ideais da nova classe média com ironia. Assim nasceu a arte pop alemã, em exposição na Schirn Kunsthalle em Frankfurt.
Frau 7 (Mulher 7), de Hermann Albert – 1969
Quando Hermann Albert se mudou para Berlim, em 1964, o sentimento era de que qualquer arte que derivasse de objetos reais deveria se limitar à doutrina do regime de Stálin, exaltando os êxitos da classe trabalhadora em retratos e paisagens. Os jovens artistas se rebelaram e passaram a integrar elementos de técnicas do passado para distorcer imagens e criar exemplos irônicos de americanização.
Motorboot 1 (Barco a motor 1), de Gerhard Richter – 1965
A obra fotorrealista de Richter foi a pioneira da "Nova Pintura Europeia", que explora arquivos históricos, obras abstratas americanas e figurações. No Artist Space Books, ele diz: "a primeira vez que pintei a partir de uma fotografia, senti uma mistura de euforia e medo". Em 2013, seu trabalho "Domplatz, Mailand" foi vendido por 37,1 milhões de dólares, recorde para um artista vivo.
Herr und Frau S. (Sr. e Sra S.), de Konrad Lueg -1965
Conhecido na comunidade artística de Düsselforf como mercador de arte, de 1963 a 1968 Konrad Fischer pintou sob o pseudônimo de Konrad Lueg. Sua obra "Sr. e Sra S." é um exemplo brilhante da arte pop em pintura estampada. Lueg, juntamente com Richter, fez sua primeira grande exposição em 1963.
Zwei Kameraden (Dois camaradas), de Konrad Klapheck – 1966
Conhecido por modificar absurdamente as medidas dos objetos, o foco principal de Klapheck eram as máquinas. Como se pode ver em "Zwei Kameraden", ele utiliza a estatura de réplicas em grandes proporções para enviar mensagens que muitas vezes nada têm a ver com a presença inócua desses objetos. Em 1979, Klapheck retornou a sua alma mater, a Academia de Arte de Düsseldorf, como professor.
Stilleben mit Frosch (Natureza morta com sapo), de Christa Dichgans – 1969
A arte de Dichgans procura o incomum e o surreal escondidos no dia a dia. Em 1966, em Nova York, ela começou a interagir com o pop. "Natureza morta com sapo" é um de seus trabalhos inspirados pelo nascimento de seu filho. "Foi como uma minirrealidade em formato concentrado", disse ela em entrevista. Nos anos 1980, seu trabalho se transformou novamente, preenchido por mapas de suas viagens.
Die Beiden (Os dois), de Werner Berges – 1967
Típico tradicionalista, Berges é um dos poucos artistas da arte pop alemã que ainda pratica essa técnica. Em "Os dois" pode-se ver sua característica paleta de cores. Singular no estilo dele é a tendência de se limitar às três cores primárias – vermelho, amarelo e azul. Esta obra foi criada pela combinação de caneta hidrográfica, giz de cera e tinta óleo pastel.
Schreibmaschine (Máquina de escrever), de Manfred Kuttner – 1963
Em 1963, em um açougue desocupado, Kuttner, Richter, Lueg e Polke cunharam o termo "realismo capitalista" em sua primeira exibição conjunta em Düsseldorf. Como se pode ver nesse trabalho, ele se especializou em uma técnica que combinava colagem, cores vibrantes e camadas de tinta. A carreira de Kuttner durou apenas três anos, após os quais ele abandonou a pintura, aos 28 anos.
Projeção de Ferdinand Kriwet – 1967
Essa fotografia foi feita no clube Creamcheese em Düsseldorf. A projeção foi criada pelo artista Ferdinand Kriwet, que trabalhava com tecidos, música e uma combinação de outros meios. Aqui o que se vê é uma imagem projetada sobre frequentadores da casa noturna, que era ponto de encontro da cena artística.
Sem título, de Peter Roehr – 1964
A exposição de arte pop alemã revisita os anos 1960. O diretor de arte Max Hollen explica que "o pop é uma atitude perante a vida... o pop na Alemanha era um tipo de rebelião... um movimento da juventude. Derrubava valores antigos e combatia os novos". Ao analisar spots publicitários como forma de expor a propaganda, Roehr era considerado um dos mais influentes representantes a arte pop alemã.
Sem título, de Florian Köhler – 1967
Köhler integrava o coletivo de artistas GEFLECHT, que visava estabelecer uma conexão entre a vida e a arte. Nasceu assim um espírito de comunidade, seguido de trabalhos coletivos. Surgiram um manifesto e uma constitução. Em 1967, eles invadiram um porão em Munique. O espaço era dividido em ateliê, área de exposição e local para debates sociais e políticos, até a dissolução do grupo, em 1968.
Dutschke, de Wolf Vostell – 1968
O sombreado e a descolagem nessa obra são representativos da técnica característica do escultor e pintor Vostell. Em "Dutschke", ele utilizou uma fotografia, adicionando acrílico e verniz sobre a tela. Vostell foi cofundador do movimento Fluxus e um pioneiro em videoarte e instalações. Em 1958 ele se tornou o primeiro artista na história a integrar uma televisão a uma obra de arte.
Auto (Carro), de Reinhold Heller – 1968
Desenhado com uma caneta hidrográfica, a obra "Carro", de Heller, demonstra uma das primeiras influências do grupo GEFLECHT: os automóveis. O coletivo de artistas, do qual Heller também fazia parte, era voltado para a tecnologia.