60 anos de Nina Hagen
Cantora, ativista, mãe e atriz são algumas das facetas do ícone da música punk. Ao completar seis décadas de vida, a alemã continua mostrando que genialidade e extravagância podem caminhar juntas e promete um novo álbum.
Filha de artista
Catharina "Nina" Hagen nasceu em 11 de março de 1955, em Berlim Oriental. A mãe Eva Maria (na foto, com Nina), cantora e atriz, era uma estrela da antiga Alemanha Oriental. "Com ela, a aura dos palcos pairava sobre nosso pequeno apartamento", consta na autobiografia de Nina, "Bekenntnisse" (Confissões). A mãe se separou do pai, o roteirista Hans Oliva-Hagen, quando Nina tinha quatro anos.
Primeiros tempos
Nina queria ser atriz, mas o Estado comunista a impediu. Ela fez um curso de canto durante um ano, o que foi suficiente para revelar sua impressionante extensão vocal de quatro oitavas. Aos 19 anos, ela se juntou à banda Automobil e lançou a faixa "Farbfilm", que foi seu único sucesso na Alemanha Oriental. Na canção, ela está brava por o namorado trazer só um filme preto e branco para as férias.
Ska e punk
A mãe Eva Maria teve um relacionamento com o dissidente político Wolf Biermann, e Nina o amava como um pai. Quando ele foi expatriado da Alemanha Oriental, Nina seguiu seus passos em direção ao lado ocidental. Primeiro, ela foi para Londres, onde se apaixonou pelos gêneros musicais ska e punk. A jovem retornou à Alemanha cheia de ideias, que seriam cruciais para a cena musical alemã.
Rock em alemão
Com quatro músicos, a jovem fundou a Nina Hagen Band. O primeiro disco veio em 1978, com letras agressivas, honestas e ardilosas. Incansavelmente, ela canta e grita sobre morte, doenças sexualmente transmissíveis e sexo em banheiros de estação e trem. Após o segundo álbum, a banda se separa. Os quatro companheiros formaram o grupo de sucesso Spliff, e Nina seguiu em carreira solo.
Escândalo na TV
Em 1979, Nina provocou um escândalo num canal de televisão austríaco. Durante uma entrevista ao vivo, ela deu instruções claras sobre masturbação. O apresentador do programa ficou perplexo e não interferiu nas declarações de Nina, tendo sido, depois, demitido. Enquanto isso, os fãs da cantora punk comemoraram a aparição especial na TV.
Amigos para toda vida
Nina e Udo Lindenberg fizeram apresentações juntos durante décadas, como num show em Berlim em 1983, ao lado de outros astros do rock dos anos 80. Udo convidava Nina para apresentações musicais com frequência. Na foto, os dois observam uma charamela. O instrumento foi um presente do então chefe de Estado da Alemanha Oriental, Erich Honecker, para Lindenberg.
Nina e os homens
Muitos homens cruzaram o caminho de Nina (na foto com o segundo marido, Rocco Breinholm). Nina estabeleceu amizades musicais com o holandês Herman Brood, Udo Lindenberg, Wolfgang Niedecken, Thomas D. e com as bandas Oomph! e Apocalyptica. O designer de moda Jean-Paul Gaultier cuidava do visual da cantora e a inspirou na criação de uma grife própria, a "Mother of Punk ("Mãe do Punk").
Tal mãe, tal filha
A primeira filha de Nina, Cosma Shiva, nasceu em 1981. Ela também tinha grande potencial artístico e se tornou uma atriz de sucesso. Para batizar a filha com o nome incomum, a mãe teve que lutar na Justiça. Cosma representa um suposto óvni que Nina teria visto, e Shiva é uma homenagem à deusa hindu. O filho de Nina, Otis, nasceu em 1990.
Nina pelo mundo
Com o visual peculiar, Nina ganhou fama mundo afora. Ela viveu no Rio de Janeiro, em Paris e Nova York e ganhou uma série de prêmios. A música e os shows foram considerados vanguardistas, misturando um toque de loucura e um grande talento. A versátil artista cantava pop, jazz, punk e ópera. E, de tempos em tempos, causava escândalos, com um casamento punk com sete dias de duração, por exemplo.
Presença marcada em protestos
O padrasto Wolf Biermann e a juventude na Alemanha Oriental moldaram a consciência política de Nina, levando-a às ruas, como nesta foto de 1979, na Áustria. Em Paris, a artista se uniu a ativistas contra o uso de peles em desfiles de moda. "Meu coração bate por todas as vítimas de tortura do mundo e por todas as pessoas que estão em fuga", disse em 2012, defendendo a paz e os direitos humanos.
Amor e fé
Nina sempre apoiou muitas causas. Ela lutou contra tratamentos psiquiátricos forçados e visitou instituições psiquiátricas. Com ternura, um tipo de medicina da alma e um livro, ela tenta dar força aos pacientes e os livrar do medo da morte. Ela acredita em carma divino e, em 2009, foi batizada como protestante.
60 anos, e daí?
Nina Hagen costuma aparecer onde não é esperada. Por exemplo, ao lado do músico popular Florian Silbereisen no júri de um show de talentos na TV, comemorando o Natal com desabrigados ou insultando convidados em programas ao vivo. Durante a carreira, ela lançou 17 álbuns solo e cerca de 500 músicas. O 18º deve sair neste ano, e ela promete que será "um projeto musical muito bonito".