30 anos sem Senna
Há três décadas, morria o piloto brasileiro em um trágico acidente em Ímola. Ele é considerado até hoje como um dos melhores pilotos de todos os tempos e uma lenda no automobilismo.
Do kart para o mundo
Ainda menino, Senna, então Ayrton da Silva, como era grafado em seus carros, foi diagnosticado com um problema de coordenação motora. Para o seu tratamento, ganhou o seu primeiro kart de pedal. O tratamento virou paixão, e com dez anos, o menino franzino acelerou pela primeira vez de verdade. No kart, ele conquistou diversos títulos brasileiros e sul-americanos. Nascia ali a lenda.
Toleman: o primeiro carro
Depois de conquistar os campeonatos da Fórmula Ford e Fórmula 3000, Ayrton Senna fez testes nos carros de Fórmula 1 nas equipes Williams, Brabham e McLaren. Mas foi com a escuderia inglesa Toleman que ele assinou o seu primeiro contrato. No ano de estreia, o brasileiro conseguiu subir três vezes ao pódio - Mônaco, Estoril e Brands Hatch.
A primeira vitória
Em sua segunda temporada na Fórmula 1, Senna competiu pela Lotus - escuderia na qual ficou três anos. E logo na segunda corrida, o GP de Estoril, em Portugal, veio a primeira vitória na carreira. Na Lotus, Senna venceu ao todos seis corridas. O ano de 1987 foi o melhor de Ayrton Senna com a Lotus, terminando a temporada na terceira colocação da classificação geral.
Batida com Prost e desclassificação
Depois que Senna conquistou o título de 1988, logo em sua primeira temporada na McLaren, a rivalidade com o companheiro de equipe Alain Prost se intensificou. No ano seguinte, Prost liderava o campeonato e na penúltima prova - o GP de Suzuka -, forçou a colisão numa chicane. Senna saiu da pista, conseguiu terminar - e vencer a prova - mas foi desclassificado. Prost foi campeão mundial.
Batida com Prost e campeão
O troco veio no ano seguinte, no mesmo circuito de Suzuka. Desta vez, Senna liderava o campeonato e, engasgado com a desclassificação do ano anterior, declarou: "Aconteça o que acontecer, vou entrar na primeira curva antes". Senna foi ultrapassado por Prost na largada e não teve dúvidas: jogou o carro em cima da Ferrari do francês e tirou ambos da prova. Senna acabou bicampeão mundial em 1990.
Vitória no braço em Interlagos
Senna liderava o GP do Brasil de 1991, mas no decorrer da prova começou a perder algumas marchas. E faltando dez voltas, a McLaren do brasileiro ficou apenas com a sexta marcha. Interlagos é um circuito conhecido por ser de média velocidade e curvas fechadas. Senna ganhou a prova no braço, e não teve forças para sair sozinho do carro. Na cerimônia, mal conseguiu erguer o troféu.
Disciplina e condicionamento físico
Em uma corrida de Fórmula 1, o piloto chega a perder três quilos devido à desidratação, e o coração alcança os 200 batimentos por minuto. Ayrton Senna teve uma equipe ao seu redor para trabalhar o condicionamento físico e mental desde 1984. O piloto seguia uma rigorosa cartilha de treinamentos. O antes franzino Senna foi o primeiro atleta de verdade na Fórmula 1.
A corrida da volta perfeita
Em 1993, chovia em Donington Park, na Inglaterra. Ayrton Senna largou na quarta colocação, caiu para quinto na primeira curva, mas chegou à liderança da prova ainda na primeira volta. Senna, que dominava na pista molhada, correu em diversos momentos com pneus slick, mesmo com a chuva castigando Donington. "Andar com slick nessas condições foi uma aposta tremenda", disse Senna após a vitória.
Ayrton Senna do Brasil
A década de 80 não foi de muitas alegrias para o esporte brasileiro. A seleção ia mal no futebol, e na política nacional o descontetamento era generalizado. Senna era um alento para um país carente de orgulho patriótico. Após cada vitória, Senna ostentava uma bandeira brasileira no carro na volta de comemoração ou no pódio, alçando uma imagem positiva do Brasil.
O Rei de Mônaco
Ninguém venceu mais corridas no circuito mais charmoso da Fórmula 1 que Ayrton Senna. No príncipado de Mônaco, o brasileiro terminou seis provas em primeiro lugar. A primeira foi em 1987, quando ainda era piloto da Lotus. Já na McLaren, venceu todas entre 1989 e 1993. Neste último ano, Senna quebrou o recorde de Graham Hill e recebeu o apelido de "Rei de Mônaco".
Tragédia na Tamburello
Primeiro de maio de 1994. Senna liderava o GP de Ímola, quando na sétima volta a Williams do brasileiro passou reto a 210 km/h na curva Tamburello e se chocou com a mureta de proteção. No impacto, uma das rodas da frente se soltou e um dos eixos de metal perfurou o capacete do piloto. O atendimento médico foi demorado e sem efeito. Horas depois foi confirmada a morte de Ayrton Senna do Brasil.
Luto e honras de chefe de Estado
A comoção popular com a morte de Senna tomou conta do Brasil. A carreata do caixão do tricampeão foi acompanhada por centenas de milhares de brasileiros nas ruas de São Paulo. O velório durou mais de 22 horas e atraiu mais de 240 mil brasileiros. O governo decretou três dias de luto oficial, e o sepultamento de Senna teve as honrarias de chefe de Estado.
A estátua na Tamburello
Uma estátua de bronze de dois metros de altura e 372 quilos homenageia o piloto em Ímola. A obra de arte mostra um Ayrton Senna triste, cabisbaixo, olhando em direção à Tamburello - a curva onde perdeu a vida e que depois do acidente virou uma chicane. Fãs do mundo inteiro costumam visitar o local e colocar flores ao pés da estátua.