27% dos estudantes alemães deixam universidade sem terminar curso
23 de julho de 2002Cerca de 27% dos estudantes alemães deixam a universidade sem levar para casa o diploma. A Pesquisa sobre Interrupção do Ensino Superior, realizada pela Universidade de Hanôver e publicada pela revista semanal Focus, acusa 42% de desistências entre os estudantes da área de Ciências Humanas.
Nos cursos de Letras e Ciências Culturais, o percentual é de 41%, enquanto 37% dos estudantes de Informática e 31% dos de Economia deixam de concluir o curso que começaram. O percentual mais alto de persistência está entre os estudantes de Medicina: apenas 8% destes abandonam o curso antes de concluí-lo.
Os motivos do abandono da universidade entre os estudantes alemães são nova orientação profissional (17%), problemas financeiros (17%), falta de motivação para os estudos (16%) e baixo rendimento (11%).
Desperdício -
A ministra alemã da Educação, Edelgard Bulmahn, afirma que "este altíssimo índice de desistências significa um desperdício tanto do tempo dos estudantes quanto dos recursos das universidades". O ensino superior alemão é, em sua maior parte, público, financiado principalmente pelos estados.Nos resultados da pesquisa realizada em Hanôver, é possível observar que o número de estudantes que não finalizam o curso é bem maior nas universidades (30%) do que nas escolas técnicas superiores (22%).
Bulmahn credita a falta de motivação dos estudantes tanto ao conteúdo das aulas quanto a currículos universitários muito sobrecarregados. Segundo a ministra, as universidades devem rever seus conceitos e criar um esquema melhor de informação aos estudantes. Bulmahn conclamou as universidades do país a uma melhora imediata do ensino, bem como do contato entre professores e estudantes.
Prática -
O presidente da União dos Reitores de Universidades, Klaus Landfried, acentua que "o índice de estudantes que abandonam os estudos é menor em programas de ensinos bem estruturados e voltados para a vida profissional". Landfried reivindica ainda uma melhor seleção dos alunos que iniciam o curso superior.No primeiro ano letivo, segundo ele, deveriam ser feitas várias provas, em todas as cadeiras, que seriam decisivas para detectar a aptidão dos estudantes principiantes. "O critério de seleção atual (Abitur) não é mais suficiente".
Mais drástica ainda é a visão do presidente da União dos Professores Alemães, Josef Kraus: "Muitos dos alunos que passaram pelo Abitur (critério de seleção de universitários em vigor no país) não estão habilitados a entrar na universidade."