21 de março de 1990
"O mundo comemora com a Namíbia", exclamavam as manchetes internacionais em 21 de março de 1990, referindo-se à independência da ex-colônia alemã na África Ocidental. Mas, até chegar a este ponto, o país enfrentou 120 anos de ocupação pelos alemães e sul-africanos, e violentos conflitos pela independência.
O navegador português Diego Cão fora o primeiro europeu a pisar em solo namibiano, em 1486. Antes de sua chegada, a região era habitada pelo povo banto. Seguiram-se ingleses e alemães. Em 1883, o negociante alemão de tabaco Adolf Lüderitz, de Bremen, comprou do chefe da tribo dos nama a atual Baía Lüderitz, assim como cinco milhas do território em sua volta.
A partir de 1884, foi realizada uma série de "acordos de proteção" com diversas tribos. Desta maneira, os alemães passaram a controlar cada vez mais território. Em 1884, o chanceler do Império Otto von Bismarck declarou o sudoeste africano protetorado alemão.
Rebeliões contra a ocupação alemã
Em 1893, a tribo dos witbooi nama recusou-se a assinar um "acordo de proteção" e foi atacada pelas forças alemãs. A partir daí, uma série de tribos se rebelaram contra a ocupação, sendo igualmente reprimidas de forma brutal. O maior levante foi o dos herero, que, ao serem derrotados, foram obrigados por decreto a abandonar o território, caso contrário seriam executados.
Dezenas de milhares de nativos foram forçados a fugir para as áridas regiões a leste da Namíbia e lá morreram de fome e sede. A repressão dos grupos étnicos locais pela Alemanha custou a vida de metade da população do território. Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha perdeu a Namíbia para a África do Sul, que em 1920 obteve da Liga das Nações um mandato sobre o território.
Com o fim da Liga das Nações, a África do Sul foi paulatinamente ampliando seu controle sobre a Namíbia, inclusive estendendo a esse país o regime de apartheid, sem o consentimento da ONU e sob protestos de várias nações da África. Em 1971, a Corte Internacional de Justiça declarou ilegal a presença sul-africana na Namíbia.
Guerrilha contra a ocupação
Tal decisão também foi ignorada pela África do Sul e a Swapo, organização nacionalista negra liderada por Samuel Nujoma, iniciou a guerrilha contra a ocupação sul-africana. A luta pela independência eclodiu em 1966, com a guerrilha da Organização dos Povos do Sudoeste da África, de orientação marxista.
Somente em 1988, a África do Sul concordou em deixar a Namíbia, seguindo-se a independência dois anos mais tarde. Em novembro de 1989, foram realizadas as eleições parlamentares, supervisionadas pelas Nações Unidas. A Swapo obteve a maioria absoluta dos votos e Samuel Nujoma foi nomeado presidente.
Nujoma tomou posse em 21 de março de 1990, data que foi escolhida como dia oficial da independência namibiana.