25 de dezembro de 1989
25 de dezembro de 2019Em 2009, a Romênia registra o 20º aniversário da queda do ditador stalinista Nicolae Ceausescu. Durante 45 anos, o regime governara com mão de ferro, perseguindo, encarcerando e executando dissidentes.
Contudo, no dia 21 de dezembro de 1989, na qualidade de secretário-geral do Partido Comunista romeno, Ceausescu convocou um comício, durante o qual prometeu aos trabalhadores melhorias na previdência social e aposentadorias mais elevadas.
A reação que se seguiu foi o início de uma reviravolta dramática no país: os presentes vaiaram e bradaram slogans hostis contra o ditador, forçando-o a abandonar de helicóptero o quartel-general do partido. Logo a violência se espalhou, as forças de segurança, ainda leais a Ceausescu, se chocaram nas ruas com a oposição. Ao todo, foram mortas quase 1.500 pessoas, das quais se crê que muitas eram manifestantes desarmados.
Três dias mais tarde, Nicolae e sua esposa, Elena, eram entregues ao Exército romeno. Em 25 de dezembro, após processo de apenas duas horas de duração, foram fuzilados por um esquadrão de execução.
Violência orquestrada?
Hoje, muitos acreditam que a caótica explosão de violência após o discurso malogrado de Ceausescu possa ter sido ordenada por Ion Iliescu, que mais tarde se tornaria presidente da Romênia. Este rebate veementemente as acusações, alegando ter sido vítima daquela época, e tachado de agitador como forma de impedir que estabelecesse uma nova ordem no país.
Iliescu continua sendo uma figura controvertida na história romena, reverenciado por uns e detestado pelos que afirmam que ele se aproveitou da situação para ascender, mantendo no poder, na era pós-comunista, a velha "nomenclatura" da Romênia stalinista.
Crimes prescritos
Duas décadas depois, graças a filmes, livros e à exumação dos dissidentes assassinados, começa a emergir a verdade sobre os silenciados pelo regime Ceausescu. No entanto, muitos ainda aguardam Justiça.
O ex-físico Anghel Cioran perdeu o filho Gabriel nos choques de dezembro, fuzilado por soldados diante da emissora estatal de rádio em Bucareste, aos 31 anos de idade. "Os jovens que foram às ruas não podiam saber o que ia acontecer, que ia ter gente atirando neles. Eles eram inocentes e morreram por nada", acusa o romeno de 82 anos.
Segundo a lei romena, grande parte dos delitos praticados na era comunista simplesmente prescreveu. "O estatuto de limitações expirou para esses crimes e eles não podem ser levados a processo", explica a promotora pública Laura Kovesi.
Embora em 1996 o presidente Traian Basescu haja oficialmente condenado os crimes do comunismo, nenhum governante romeno suspendeu o estatuto de limitações vigente, o que permitiria sua persecução.
AV/dw/ap/afp
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