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HistóriaAlemanha

1968: Alemanha dividida tem duas equipes nas Olimpíadas

Publicado 6 de fevereiro de 2016Última atualização 6 de fevereiro de 2021

Em 6 de fevereiro de 1968, apresentam-se pela primeira vez duas equipes alemãs na Olimpíada. Resistência a decisão fora acirrada, desde fim da Segunda Guerra. Era a 10ª edição do torneio de inverno, em Grenoble, França.

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Foto histórica de jovem patinador posando de braços abertos
Patinador alemão-oriental Jan Hoffmann, 12 anos, foi o atleta mais jovem dos Jogos em 1968Foto: picture-alliance/dpa/S. Ahnert

Em consequência da política mundial pós-guerra, o fosso que dividia a Alemanha em dois sistemas completamente diferentes tornava-se de ano para ano mais profundo. A construção do Muro de Berlim, em 1961, tornou quase impossível os contatos entre o leste e o oeste do país. No esporte, caiu uma das últimas pontes ainda uniam as duas metades da Alemanha.

Numa sessão em 1955, em Paris, o Comitê Olímpico Internacional (COI) havia reconhecido o direito da República Democrática Alemã, comunista, de ter seu comitê olímpico próprio. Mesmo assim, nas Olimpíadas de 1956, 1960 e 1964, os dois Estados alemães foram obrigados a participar com uma só equipe, apesar de todas as diferenças políticas e institucionais.

Por trás dessa decisão estava o presidente conservador do COI, o americano Avery Brundage, que não queria aceitar o fato de a Alemanha ser uma nação dividida. Mas quando, no início dos anos 60, a violência das desavenças germânicas em torno da formação de uma equipe comum saiu de controle, a influência de Brundage sobre o organismo internacional se dissolveu. E nos círculos esportivos internacionais desapareceu toda disposição de assumir o papel de mediador.

Adequação à realidade

"E então veio o dia, em Madri, em que ficou claro para todos: a política segue seus próprios caminhos. Não haverá uma Alemanha reunificada – pelo menos não a curto prazo. Não é tampouco o desejo da parte ocidental. E não é tarefa da ideia olímpica levar adiante algo irreal. E assim ocorreu a separação de toda a equipe alemã. No começo, foi um duro golpe, mas, na verdade, não era tão inesperado assim, além de ser uma adequação à realidade."

Assim relembra Willi Daume, presidente do Comitê Olímpico da Alemanha entre 1961 e 1992, a resolução do COI em 8 de outubro de 1965. Por 44 votos a quatro, a organização se manifestou pelo desaparecimento da última atividade pública conjunta dos dois Estados irmãos. A Alemanha comunista recebeu permissão de formar sua própria equipe para 1968.

Dois times alemães distintos se apresentaram pela primeira vez nos Jogos de Inverno de Grenoble e, em seguida, nos Jogos de Verão no México. Atrás do estandarte "Alemanha" marcharam os atletas da ocidental República Federal da Alemanha (RFA), enquanto que os esportistas da então República Democrática Alemã (RDA) pisaram o estádio como "Alemanha Oriental". Em face do cisma germânico, os cinco anéis olímpicos entrelaçados sobre o rubro-negro-dourado da bandeira alemã mais pareciam uma caricatura.

Alemanha queria ser sede

O governo socialista saudou a decisão do COI relativa ao fim da unidade olímpica do país como vitória estratégica na luta pelo reconhecimento internacional do segundo Estado germânico. Quem relata a reação de Willi Daume, falecido em 1996, à resolução do COI em Madri é Walther Tröger, então secretário de Daume e seu sucessor na presidência:

"Daume viu nisso uma derrota, não só para ele, mas também para o nosso anseio de apresentarmo-nos como Alemanha unida. Mas então ele disse: Precisamos compensar isso de alguma forma. E sua ideia foi candidatar a RFA como sede dos Jogos Olímpicos."

Realmente, apenas sete meses mais tarde Munique recebeu o mandato para os Jogos de 1972. Willi Daume interpretou a opção em favor da capital bávara como reconhecimento do mérito dos funcionários desportivos da RFA em prol da unidade alemã.