1958: Criação da República Árabe Unida
Publicado 1 de fevereiro de 2016Última atualização 1 de fevereiro de 2020Até meados do século 20, o mundo árabe era visto sob o prisma de sua importância cultural e geográfica. Seus feitos políticos eram praticamente desconhecidos, apesar de terem avançado até a Espanha na Idade Média. A unidade política, entretanto, durou pouco, substituída pela hegemonia do Império Otomano, que durou até a Primeira Guerra.
O sonho de um grande império árabe teve que ceder espaço aos interesses europeus. O Reino Unido já havia açambarcado o Egito em 1882 e concedeu-lhe soberania apenas limitada em 1922. Outras regiões, principalmente a Síria ou o Líbano, sofreram forte influência francesa, enquanto a Palestina teve administração britânica. Os europeus conseguiram – com menor ou maior diplomacia – que as regiões praticamente se desenvolvessem em Estados, mas que continuassem sob sua influência.
Com a independência de alguns países árabes em outras regiões do Oriente Médio, aumentaram os clamores por uma unidade pan-arábica depois da Segunda Guerra Mundial. Um anseio acompanhado da esperança de que uma grande nação árabe poderia libertar os povos do sentimento de fraqueza imposto por cada derrota diante de Israel.
Fim da dependência árabe
O mais importante protagonista do movimento de união árabe foi o jovem presidente egípcio Gamal Abdel Nasser. Com seu golpe contra o rei Faruk, Nasser conseguiu encerrar o capítulo da história dedicado à dependência árabe do exterior. No dia 1º de fevereiro de 1958, o povo egípcio foi às ruas comemorar a união entre o Egito e a Síria, presidida por Shukri al Kuwatly. Com uma bandeira, um hino e um presidente (Nasser), a República Árabe Unida (RAU) buscava a neutralidade diante das grandes superpotências, que dividiam o mundo em dois blocos.
Poucas semanas depois, também o Iêmen ingressou na aliança. Ele recebeu um status especial, podendo preservar a soberania e sua filiação à Organização das Nações Unidas. No final de 1961, Nasser foi obrigado a declarar o fim da união. Não demorou a que tivessem início as desavenças entre Síria e Egito. Os sírios se sentiam tratados como uma província pelo Cairo.
Ainda antes do final de 1961, oficiais militares sírios deram um golpe e reafirmaram a independência do país. O Egito, entretanto, prosseguiu usando o nome República Árabe Unida por mais dez anos, até que adotasse o nome República Árabe do Egito, em 1972.