1954: Lançado o primeiro submarino nuclear
A necessidade de uma fonte de energia adequada a longas missões navais foi um dos impulsos iniciais à pesquisa nuclear. Sob a direção de Hyman Rickover, os Estados Unidos implementaram o programa de desenvolvimento de um reator naval no fim dos anos 1940.
O submarino USS Nautilus, desenvolvido pela Electric Boat Division e lançado em 1954, provou as vantagens da propulsão nuclear principalmente para embarcações militares, sendo o primeiro a cruzar por baixo a placa de gelo do Polo Norte.
Hoje, o Nautilus é uma das principais atrações do Historic Ship Nautilus & Submarine Force Museum, na base naval de Groton (Connecticut). Seus sucessores provam o avanço tecnológico ocorrido nesse campo na segunda metade do século 20.
Os modernos submarinos atômicos são gigantes de até 150 metros de comprimento e 18 mil toneladas de peso, que se movimentam silenciosamente a 35 nós (cerca de 65 km/h). Mergulham até 450 metros de profundidade e podem permanecer durante meses no fundo do mar.
Ameaça e chantagem
Embora o então presidente americano Dwigth Eisenhower tivesse feito uma apologia dos "átomos para a paz" diante da Assembleia Geral das Nações Unidas em 1953, os submarinos atômicos transformaram-se nos principais instrumentos de ameaça e chantagem durante a Guerra Fria.
"Difíceis de serem localizados e destruídos, eram esconderijos ideais para armas nucleares distribuídas pelos oceanos", explica Gerhard Schmidt, engenheiro nuclear do Instituto Ecológico de Darmstadt.
Segundo a organização ambientalista Greenpeace, de 1955 a 1995, as potências atômicas (Estados Unidos, União Soviética, França, Reino Unido e China) construíram 465 submarinos a propulsão nuclear. Mais da metade desse total é de fabricação soviética.
Lixo atômico
Nas últimas três décadas da Guerra Fria, ocorreram vários acidentes (em parte, nunca esclarecidos), principalmente envolvendo as frotas americana e soviética. Pelo menos quatro submarinos soviéticos e dois americanos, danificados ou afundados de propósito, permanecem no fundo do mar, supostamente impossíveis de serem resgatados.
Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), até 1988 as potências atômicas simplesmente abandonavam no fundo do mar o lixo nuclear (reatores e submarinos sucateados).
A AIEA calcula que, entre 1964 e 1986, a Marinha da União Soviética haja lançado 16 mil toneladas de lixo radioativo líquido e 11 mil metros cúbicos de lixo sólido nos mares de Barents e Kara. Em março de 1993, uma comissão do governo russo revelou que, desde 1959, cerca de 80 mil toneladas de lixo atômico, incluindo dois submarinos nucleares da frota do Pacífico, foram afundados no Mar do Japão.
A Rússia, principalmente, não tem recursos financeiros para manter a frota de submarinos atômicos, como ficou evidente no acidente do Kursk em agosto de 2000.
A Marinha americana, pioneira no desenvolvimento da tecnologia de propulsão nuclear, também já teve diversos acidentes. Segundo um relatório sobre a Submarine Force elaborado por William Arkin e Joshua Handler só entre 1983 e 1987, ocorreram 12 encalhes, 50 colisões, 113 incêndios e 48 inundações em submarinos americanos.