1953: Concluída a primeira escalada do Everest
"A barreira decisiva antes do pico era um paredão superliso de 25 metros, quase sem possibilidades de apoio. Escolheram, então, o lado leste, onde havia uma enorme massa de neve. Hillary foi primeiro, enquanto Tensing garantia a segurança do terreno. Os minutos pareciam durar dias. Também os joelhos e ombros tinham que ajudar braços e pernas a puxar o corpo para cima, tão difíceis eram os movimentos naquela altura. Foi uma luta contra o tempo e contra o fim do oxigênio. De repente, Hillary constatou que não dava mais para subir, o pico tinha chegado ao fim. A partir dali, só dava para descer novamente. Foi quando ele e seu guia se abraçaram na montanha mais alta do mundo."
Assim o alpinista austríaco Peter Habeler narra a aventura de Hillary e Norgay. Pela primeira vez, em 29 de maio de 1953, era derrotado o gigante do Himalaia. Uma vitória do ser humano, depois de mais de 30 anos de tentativas fracassadas e muitas mortes. Vinte e cinco anos mais tarde, o próprio Habeler e Reinhold Messner conquistaram outra façanha: escalaram o Everest sem máscaras de oxigênio.
Ao retornar ao seu meio depois da grande aventura, Hillary confessou não ter ficado muito emocionado. "Estávamos cansados, isso sim, não sabíamos como aguentar a volta, mas ao mesmo tempo fui tomado de uma imensa paz interior. Eu me perguntava por que tivemos aquela enorme sorte, se outros melhor capacitados não conseguiam", afirmou o neozelandês.
Desde a década de 1920, muitas expedições, principalmente inglesas, haviam tentado concluir a escalada do Everest e das outras 13 montanhas com mais de 8 mil metros de altura. O ponto mais difícil da escalada vem depois dos 7.600 metros, quando a temperatura fica muito baixa e o ar, muito rarefeito. Hoje, os nativos lamentam que a montanha mais alta do mundo, que chamam de "Casa dos Deuses", seja tão profanada e poluída. Pessoas com pouca experiência em alpinismo gastam fortunas para arriscar não só as suas vidas, como também a dos guias para chegar ao "teto do mundo".
Continua controvertido, no entanto, se outra dupla não teria alcançado o pico antes de Hillary. Em 1924, os ingleses George Mallory e Andrew Irvine fora vistos pela última vez a 8.600 metros de altura. Em 1933, foi encontrada uma ferramenta deles. E em 1998, alpinistas americanos encontraram o cadáver de Mallory. O de Irvine continua desaparecido. Eles teriam atingido o pico mais alto do mundo 29 anos antes de Hillary? A câmera fotográfica de Mallory, que certamente teria registrado este momento, jamais foi encontrada. Messner, porém, afirma que não: segundo ele, naquela época ainda não era possível escalar o paredão liso abaixo do pico, hoje batizado Edmund Hillary.
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