1941: Aberto o campo de concentração de Theresienstadt
Os judeus já viviam há mil anos na região da Boêmia, na República Tcheca. A capital Praga era seu centro, onde ficava a sinagoga mais antiga da Europa e a sepultura do grão-rabino de Praga, Judah Loew. A ele é atribuída a criação do personagem principal da Lenda de Golem (segundo antigas lendas judaicas, inspiradas no misticismo da Cabala, seria possível dar vida a uma criatura feita com pedaços de cadáveres, cujo objetivo seria defender o povo judeu).
Tudo mudou em 15 de março de 1939, quando soldados de Hitler ocuparam Praga e passaram a controlar o lado ocidental do país. As sinagogas foram destruídas, os judeus, perseguidos, as propriedades, confiscadas.
Theresienstadt foi escolhida para concentrar os judeus no protetorado alemão. Terezin (nome em tcheco), uma fortaleza construída no século 18, oferecia as condições ideais para abrigar o gueto judeu.
Extermínio de uma cultura
Em novembro de 1941, começaram a ser deportados para lá milhares de judeus. Ruth Elias, na época com 20 anos, foi a única sobrevivente de uma família. Segundo ela, ali aconteceu o extermínio de uma cultura: "Em Theresienstadt estava a elite da época, professores, pensadores e artistas", lamenta. Ela lembra que vinha gente da Dinamarca, da Áustria e da França, judeus burgueses e intelectuais de toda a Europa. Theresienstadt era considerado um gueto modelo pelo regime nazista.
Era o ponto de concentração dos judeus, depois levados às câmaras de gás dos campos de extermínio. Com o desenvolvimento da guerra, foi sendo trazida cada vez mais gente, aumentando a fome e as epidemias. Em 1942, morriam ali 2 mil pessoas por mês. No total, faleceram 34 mil.
Durante os 3,5 anos de existência do campo, passaram por ele mais de 140 mil pessoas, sendo que 90 mil foram repassadas para os campos de extermínio. Em maio de 1945, quando chegaram os Aliados, restavam 16 mil sobreviventes.