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1869: Nascia a primeira filósofa alemã

Martin HelbichPublicado 13 de novembro de 2014Última atualização 13 de novembro de 2019

No dia 13 de novembro de 1869, nasceu a feminista Helene Stöcker, primeira alemã a se doutorar em Filosofia. Mais tarde, ela defendeu o direito das mulheres ao voto e destacou-se como pacifista.

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Helene Stöcker, Frauenrechtlerin und Schriftstellerin
Foto: picture-alliance/Imagno/Austrian Archives

Depois que Helene Stöcker apresentou em 1897 uma palestra sobre Nietzsche e as mulheres num seminário na Universidade Frederico Guilherme (agora Universidade Humboldt) em Berlim, o professor Wilhelm Diltey a contratou como sua assistente. Possibilitou-lhe assim começar um estudo de Filosofia na universidade, o que até então não era permitido às mulheres.

A pioneira foi em frente, tornando-se em 1901 a primeira alemã a obter o título de doutorado, em Berna, na Suíça. Em seguida, ela foi trabalhar como docente na Escola Superior Lessing, uma faculdade particular em Berlim, na qual também Albert Einstein lecionou.

Ao mesmo tempo, ajudou a fundar várias organizações, entre as quais a Associação para o Direito de Voto da Mulher e a União para a Proteção da Maternidade e a Reforma da Sexualidade. Esta última entidade foi criada por ela com outras sufragistas em 1905, com o objetivo de diminuir o preconceito contra as mães solteiras e seus filhos.

Em 1903, Stöcker assumiu a responsabilidade pela revista Frauenrundschau, que tratava de questões relativas às mulheres. Segunda a feminista alemã, a base legítima da relação sexual não era o casamento, e sim o amor. Na revista Proteção da Maternidade, lançada pela União, a filósofa divulgava a sua ideia de uma "nova ética", com direitos de voto extensivos às mulheres.

Stöcker se torna pacifista

Em palestra pronunciada num congresso realizado em Haia, na Holanda, em 1910, Stöcker defendeu o direito da mulher às práticas contraceptivas. Durante a Primeira Guerra Mundial, ela se tornou pacifista radical. Outra vez em Haia, em 1915, participou do Congresso Internacional da Mulher para a Paz Permanente e, em 1921, fundou com outros a Internacional dos Adversários do Serviço Militar. Nos anos seguintes, entrou para diversas organizações pacifistas e publicou seu único romance, Liebe (Amor, 1922).

A reformadora da sexualidade nunca se casou, por convicção, mesmo namorando o advogado Bruno Springer desde 1905 até a morte deste, em 1931. Com a ascensão dos nazistas ao poder, Helene Stöcker emigrou, passando várias temporadas em Zurique, na Suécia e na Rússia e indo finalmente para Nova York, onde morreu em 23 de fevereiro de 1943.

Segundo instituto berlinense, Stöcker seria racista

A atuação da filósofa é, contudo, controversa. Segundo Peter Kratz, do Instituto Berlinense de Pesquisa do Fascismo e de Ação Antifascista, ela teria se tornado nacionalista radical e trabalhado na Sociedade para a Higiene das Raças, fundada pelo antissemita e fanático ariano Alfred Ploetz. Stöcker teria ainda fundado a União para a Proteção da Maternidade juntamente com Ploetz e outros alemães ligados ao partido nazista NSDAP.

Além disso, ela teria se juntado ao médico Magnus Hirschfeld, a quem se atribuem castrações e experimentos com homossexuais. Kratz afirma que Stöcker queria reservar a emancipação da sexualidade para a elite, evitando que surgisse uma nova geração medíocre.