1860: Siemens instala cabo submarino entre Egito e Índia
A transmissão de informações, em meados do século 19, era um exercício de paciência. Uma carta remetida de Londres, por exemplo, demorava 30 dias para chegar a Calcutá. Essa situação, porém, foi revolucionada pela telegrafia.
Mesmo assim, críticos previam a falência da Newall e Cia. – empresa responsável pelo projeto. O cabo submarino entre a Inglaterra e os Estados Unidos acabara de sofrer um colapso após o envio de apenas alguns telegramas. Segundo especialistas, a pressão da água nas profundezas do mar, com o tempo, rompia o material de isolamento usado nas linhas telegráficas.
Precursor da Siemens
A Newall, porém, ignorou os argumentos dos pessimistas, convicta de que estava embarcando num negócio lucrativo. O emergente comércio mundial exigia informações rápidas. A obra foi acompanhada pelo maior especialista em telegrafia da época, o engenheiro Werner von Siemens (1816-1892), um dos precursores da Siemens. O inventor do telégrafo de ponteiro (quadrante) deveria supervisionar a instalação do cabo e testar seus equipamentos.
Segundo Wolfgang Wengel, do Museu da Comunicação de Berlim, os operários ingleses zombavam do antipático Siemens, dizendo que o projeto era uma "asneira científica". O cabo submarino foi estendido com incrível precisão e rapidez, mas o primeiro trecho através do Mar Vermelho teve problemas iniciais de operação.
Depois de descobrir e eliminar o defeito, Werner von Siemens entregou a supervisão final ao amigo William Meyer. O arquivo histórico da Siemens, em Munique, não registra uma data exata para a conclusão dos trabalhos, mencionando janeiro/fevereiro de 1860 como referência.
Naquela época, telegrafar era um privilégio de grandes empresários e dos governos. A Newall, no entanto, não lucrou muito com o cabo índico. Segundo Wengel, a ligação funcionou satisfatoriamente durante apenas cinco anos. Depois de sofrer as primeiras grandes danificações, o cabo foi abandonado. Era impossível arrancá-lo do fundo do mar, devido ao peso das colônias de corais presas a ele.
Telefonia e cabo óptico
O megaprojeto seguinte foi o cabo telegráfico estendido em 1870, entre a Índia e a Europa – quase exclusivamente em terra firme. Com ele, o tempo de transmissão de uma mensagem entre Londres e Calcutá foi reduzido para apenas alguns minutos. No século 20, porém, a telegrafia foi sendo substituída pela telefonia.
Desde a ascensão da internet e a liberalização do mercado mundial das telecomunicações, os antigos cabos submarinos de cobre passaram a ser substituídos por uma nova tecnologia: a fibra óptica.