1809: Nascia Charles Darwin, autor da Teoria da Evolução
Publicado 12 de fevereiro de 2009Última atualização 12 de fevereiro de 2019Ele tem apenas 22 anos de idade, filho de família abastada, estuda Teologia e Biologia – o pai teria preferido Medicina – e gosta de passar o dia à toa. Suas paixões são a caça, a equitação e a natureza. Não é ambicioso, porém cheio de entusiasmo quando uma maravilhosa oportunidade se lhe oferece: lançar-se ao mundo, a bordo do navio de pesquisas Beagle.
Aves raras
A viagem se inicia em 1831, dura cinco anos, e modifica toda a vida e a visão de mundo de Charles Robert Darwin. Mais tarde, o revolucionário cientista escreveria: "Fiquei tremendamente surpreendido com certas curiosidades na procriação de animais e plantas da América do Sul. Esses fatos me pareceram lançar luz sobre a origem da vida".
Darwin coleta o que encontra pelo caminho: pedras, plantas secas, esqueletos fossilizados de animais, insetos e, sobretudo, um sem-número de pássaros muito especiais: os Geospiza fortis, tentilhões que traz da Ilha de Galápagos e que hoje levam o seu nome.
Apesar de pertencerem à mesma espécie, diferentes exemplares dos tentilhões de Darwin possuem aparência extremamente variada. Alguns possuem bico curto e grosso, com que quebram nozes e sementes; outros o têm longo e fino, que utilizam para penetrar fundo em flores e fendas estreitas.
Conclusão subversiva
Darwin observa, pensa, e o que conclui lhe dá medo. Os tentilhões de Galápagos deviam ter ancestrais comuns, a partir dos quais diferentes subespécies se desenvolveram, ao longo de milhares de anos.
Tratava-se de um pensamento herético. Pois a Gênese bíblica, única versão válida sobre a origem da vida na época, reza que Deus criara num espaço de seis dias todos os seres vivos – homens, animais e plantas –, na forma como os conhecemos hoje.
O estudante de Teologia se encontra diante de um dilema. Ele escreve a um amigo: "Neste meio tempo estou quase convencido de que as espécies não são imutáveis. É quase como se eu cometesse um assassinato". O biólogo e historiador da ciência Ernst Peter Fischer analisa esse sentimento:
"É talvez como um assassinato da história cultural, pois, de certo modo, ele mata a velha concepção, de forma radical e definitiva. Ele deve ter tido consciência disso. Então era preciso um novo raciocínio, para entender como se desenvolve aquilo que chamamos realidade, natureza ou mundo."
A Origem das espécies através da seleção natural
De volta a Londres, Charles Darwin escreve o livro que ao mesmo tempo lhe concederá fama mundial e o tornará um dos mais controvertidos estudiosos da Era Moderna: Sobre a origem das espécies através da seleção natural (título original: On the Origin of Species by Means of Natural Selection or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life).
A obra desaparece na gaveta durante anos: o jovem cientista tem escrúpulos, luta consigo mesmo. "Eles bradarão maldições contra mim. Deus do Céu, como ficarão selvagens, que ganas terão de me pregar vivo na cruz."
Quando o livro é finalmente lançado, em 1859, os 1.250 exemplares da primeira edição já se esgotam no primeiro dia. Seguem-se júbilo e admiração, sobretudo entre os cientistas mais jovens; assim como ira, horror e indignação dos pesquisadores estabelecidos e, é claro, por parte da Igreja.
Darwin é tachado de herege e ateu, embora, antecipando as críticas, ele haja deixado a evolução humana de fora, apenas sugerindo-a de forma cifrada: "A luz também tombará sobre o homem e sua história". Pois, também no tocante ao ser humano, muitas das suposições darwinianas se provaram corretas. Por exemplo, a de que a origem da espécie estaria na África.
Darwin em cada rabo de girafa
Embora ele jamais tenha defendido publicamente tais teses, sua Origem das espécies se tornou um best-seller em pouco tempo. "Darwin permanece um dos maiores expoentes das ciências naturais", afirma Ernst Fischer.
"Ele é grandioso, hoje e sempre. Continua sendo um desafio refletir sobre a diversidade no mundo, e creio ser uma tarefa que não irá se esgotar no futuro. Em cada rabo de girafa, em cada pena de pássaro, em cada nariz de cão pode-se tentar seguir o raciocínio de Darwin."
O cientista morreu em 19 de abril de 1882, aos 73 anos de idade, sendo sepultado na ilustre igreja da Abadia de Westminster, em Londres.