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4 de março de 1152

Sabine Ochaba (tj)

No dia 4 de março de 1152 era coroado o imperador Frederico 1º, conhecido também como Barba-Roxa ou Barba-Ruiva, apelido dados pelos italianos.

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Busto de Barba-Roxa, no Museu de História da Cultura de Magdeburg
Busto de Barba-Roxa, no Museu de História da Cultura de MagdeburgFoto: picture-alliance/dpa

Segundo conta a lenda, o imperador continuará dormindo até que sua longa e avermelhada barba tenha crescido o suficiente para cobrir toda a mesa. A cada 100 anos, ele acorda para salvar seu império.

A lenda é conhecida desde o século 15 e originalmente se referia ao neto de Barba-Roxa, o rei Frederico 2º. Mas o folclore popular acabou venerando seu avô, Frederico 1º, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, que os italianos apelidaram de Barba-Roxa ou Barba-Ruiva por conta da tonalidade avermelhada de sua barba.

Grandeza e soberania

No final do século 19 e início do século 20, Barba-Roxa era considerado um imperador muito bem-sucedido, pois conduzira seu país à grandeza e à soberania. Mas em 4 de março de 1152, quando subiu ao trono, ele assumiu um legado difícil. Príncipes e duques lutavam há tempos pelo domínio dos territórios.

Com muita diplomacia, Barba-Roxa conseguiu apaziguar os conflitos entre os nobres, mostrando ser capaz de impor suas políticas e ideais.

Figura de identificação dos nazistas

De acordo com Michael Borgolte, professor da Universidade Humboldt de Berlim, ele era uma figura com a qual os nazistas gostavam de se identificar.

"Pode-se imaginar perfeitamente que Hitler tenha morado em Obersalzberg, em frente à montanha Unterberg, onde se diz que Barba-Roxa repousa. O próprio Hitler dizia que não era nenhuma coincidência que ele morasse ali, e que isso indicava sua verdadeira vocação", diz o professor.

Esse culto nazista ao imperador atingiu seu apogeu na invasão alemã à União Soviética (URSS), ataque que foi chamado de Operação Barba-Roxa. Entretanto, os nazistas foram guiados por ideais completamente diferentes daqueles que Barba-Roxa incorporava, opina Michael Borgolte.

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Ilustração em homenagem ao imperador Frederico Barba-Roxa

"Ele era visto como um cavaleiro exemplar, promovendo as tradições dos cavaleiros e torneios na corte e fundando cidades." É importante observar, entretanto, que estas cidades serviam como símbolos de seu poder, representado por grandes fortalezas construídas em seu ponto mais alto. Além disso, Frederico Barba-Roxa atravessou os Alpes seis vezes, com o objetivo de atacar ricas cidades italianas.

"Os moradores de Milão, por exemplo, usavam um truque muito astuto, construindo corredores subterrâneos para se defender. Diante disso, o rei ameaçou subjugá-los através do corte de água potável. Jogou pez (resina) e enxofre nas fontes, tornando a água intragável. Então, a cidade foi completamente saqueada e incendiada", lê-se num relato histórico.

Gratidão à Itália

Mas a Itália não serviu apenas de palco para saques de Barba-Roxa. Lá ele foi coroado imperador pelo Papa, além de ter tido contato com a Universidade de Bolonha, a primeira da Europa. Barba-Roxa concedeu aos universitários e professores privilégios que garantiam a proteção em viagens e autonomia jurídica.

Barba-Roxa, entretanto, não fazia isso gratuitamente, conforme explica Borgolte: "Em Bolonha, ensinava-se o Direito da Roma antiga. Barba-Roxa sabia que esse estudo era apropriado para estabelecer uma base ideológica para seu império. Com essa política, tentava conquistar maior apoio dos professores e alunos à legitimação de seu poder".

Após um início de reinado difícil, Barba-Roxa acabou por tornar-se uma figura dominante em toda a Europa. A Terceira Cruzada, liderada por ele, tinha a intenção de livrar Jerusalém do domínio dos muçulmanos. Foi sua última expedição, pois no caminho morreu afogado no rio Saleph – hoje chamado Göksu – na Turquia.