África do Sul: Ramaphosa reeleito presidente do ANC
19 de dezembro de 2022O Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder na África do Sul, reelegeu Cyril Ramaphosa, que é também o Presidente da República, para um segundo mandato na liderança do partido.
Ramaphosa obteve 57% dos votos e derrotou na corrida à liderança do partido, o ex-ministro da Zweli Mkhize,que obteve 43% dos votos.
O porta-voz de Ramaphosa, Vincent Magwenya, disse à imprensa que a reeleição "é um bom resultado não só para o partido do Governo", como também para o país. "O presidente está bastante motivado", acrescentou.
Ao anunciar o resultado final da votação na manhã desta segunda-feira (19.12), o ex-Presidente da República Kgalema Motlanthe referiu que o partido no poder elegeu Paul Mashatile para o cargo de vice-presidente do ANC, com 2.178 votos.
Mashatile, que não foi apoiado pela ala de Ramaphosa, deixa o cargo de tesoureiro do partido, tendo sido eleito vice-presidente à frente de Oscar Mabuyane, atual governador do Cabo Oriental, e de Ronald Lamola, atual ministro da Justiça.
Total de votantes
O partido no poder anunciou que foram contabilizados 4.384 votos dos 4.436 delegados que votaram na 55.ª Conferência Nacional do ANC, que decorre até esta terça-feira no centro internacional de convenções Nasrec, sul de Joanesburgo.
A reeleição de Cyril Ramaphosa como líder do ANC permitirá recandidatar-se à Presidência da África do Sul, em 2024. A nova direção conduzirá o partido nos próximos cinco anos.
O futuro político de Ramaphosa à frente do partido parecia tremido. O dirigente foi acusado de esconder das autoridades o roubo de avultadas somas de dinheiro, depois de terem sido encontrados mais de 10 milhões de rands (549 mil euros) na sua quinta agrícola Phala Phala, na província de Limpopo.
Apesar da vitória de Ramaphosa esta segunda-feira, alguns membros do partido têm-se mostrado desapontados com a sua liderança.
"Todos sabemos que, com Ramaphosa, muitas coisas erradas aconteceram e a imagem do ANC foi comprometida", sublinhou Sipho Mthembu, 41 anos, presidente de uma filial do ANC em Gauteng, a província mais populosa da África do Sul.
Crise de popularidade
O partido governamental sul-africano tem vindo a perder a sua popularidade nos últimos tempos segundo resultados de um relatório apresentado há dias. Este é um desafio que Ramaphosa terá de enfrentar nos próximos cinco anos.
Mas vários analistas acreditam que qualquer plano de Ramaphosa reestruturar o partido encontrará resistência entre os líderes recém-eleitos.
Ramaphosa "recuperou a presidência do ANC, mas pode ser uma vitória aparente", tudo porque os outros membros eleitos para os diferentes cargos dentro do partido "são ainda mais hostis para ele", disse Richard Calland, professor de direito e analista político ouvido pela agência de notícias AFP.
"Assim, para escapar ao fator de arrastamento do seu próprio partido, ele terá de ser mais corajoso", recomenda Calland.