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Zé Kalanga: "O futebol angolano está a morrer"

José Adalberto
18 de novembro de 2022

A poucos dias do início do Mundial no Catar, a DW falou com Zé Kalanga. O antigo craque dos "palancas negras" mostra-se desiludido com a atual situação do futebol em Angola.

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Futebolista angolano Zé Kalanga no Mundial de 2006, na Alemanha
Foto: Empics 250178/dpa/picture-alliance

Paulo Baptista Nsimba, mais conhecido nas lides desportivas por "Zé Kalanga", é um dos nomes incontornáveis do futebol angolano. 

Foi muito graças ao seu contributo que Angola participou no Mundial de 2006, na Alemanha. Foi do pé de Kalanga que nasceu o golo de Akwá, frente ao Ruanda, que carimbou o passaporte dos "palancas negras" para a fase final do campeonato do mundo.

"Foi um acontecimento histórico", lembra Zé Kalanga, em conversa com a DW África. Era a estreia de Angola num Mundial de Futebol. "Epá! Foi emocionante para nós atletas e para o povo angolano."

Do sonho ao pesadelo

Angola não foi além da fase de grupos na competição, mas a chama do futebol manteve-se acesa durante algum tempo. 

Depois da participação no Mundial, sonhou-se com o desenvolvimento da modalidade no país e mais financiamento, recorda o analista desportivo Lino Filipe. 

"Havia muita expetativa, pensava-se que haveria solução para tudo, só que, pronto, o nosso futebol acabou decaindo. Então, ficámos apenas num sonho."

A equipa de Angola no Mundial de 2006
A equipa de Angola no Mundial de 2006, na AlemanhaFoto: Wolfgang_Kumm/dpa//picture-alliance

Faltaram investimentos na formação de atletas e em infraestruturas. A manutenção de muitos estádios parece ter ficado esquecida. Ainda no ano passado, a Confederação Africana de Futebol (CAF) proibiu a realização de jogos no Estádio Nacional 11 de Novembro, construído em 2010, por falta de condições.

O estado de degradação dos balneários, do relvado e das bancadas chamaram a atenção da CAF.

Zé Kalanga mostra-se profundamente desiludido com o rumo que o futebol nacional tomou. 

Quando lhe pedimos para dizer o que terá corrido mal, em concreto, o futebolista, que recentemente se retirou do futebol ativo, depois de ter acabado a carreira nos "Bravos do Maquis", respondeu: "Olha, meu irmão, acerca disso, eu acho que não tenho resposta para dar, porque ultimamente, desde que deixei de jogar, já não acompanho o futebol angolano."

"Estou a ser mesmo sincero, de coração. O que sei é que o futebol angolano está a morrer."

Jogadores no Mundial da Alemanha em 2006: Paulo Figueiredo, Zé Kalanga, Locó e Flávio
Jogadores no Mundial da Alemanha em 2006: Paulo Figueiredo, Zé Kalanga, Locó e FlávioFoto: Oliver Weiken/dpa/picture-alliance

De olho no Mundial do Catar

A paixão pelo desporto-rei, essa "continuará para sempre", afirma Zé Kalanga, afirmando-se expectante quanto ao Mundial deste ano no Catar. 

África estará representada por cinco seleções: Senegal, Gana, Marrocos, Tunísia e Camarões.

Zé Kalanga espera dos representantes do continente um desempenho superior a edições anteriores: "Espero que as seleções africanas façam uma boa participação. A última seleção que o fez foi o Gana. E espero que, neste Mundial, possam chegar às meias-finais; se forem à final, melhor ainda."

O Gana será o primeiro adversário de Portugal, no dia 24 de novembro, no grupo H. O Mundial no Catar começa no domingo. O jogo inicial será entre a seleção anfitriã e o Equador.

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