Zimbabué: Mnangagwa vence as presidenciais
3 de agosto de 2018O Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, ex-aliado de Robert Mugabe, venceu a eleição presidencial histórica do país, segundo os resultados oficiais apresentados na madrugada desta sexta-feira (03.08) na sede da Comissão Eleitoral, em Harare.
Mnangagwa, da União Nacional Africana da Frente Patriótica do Zimbabué (ZANU-PF), obteve 50,8% dos votos, à frente de Nelson Chamisa, do partido da oposição Movimento pela Mudança Democrática (MDC), com 44,3%, disse a Comissão Eleitoral do Zimbabué, declarando Mnangagwa como o vencedor.
No Twitter, o Presidente Emmerson Mnangagwa celebrou a vitória fazendo um apelo à unidade. "Obrigado Zimbabué! Sinto-me humilde por ser eleito Presidente da Segunda República do Zimbabué. Embora tenhamos sido divididos nas urnas, estamos unidos em nossos sonhos. Este é um novo começo. Vamos dar as mãos, em paz, unidade e amor, e juntos construir um novo Zimbabué para todos!", acrescentou a mensagem.
Entretanto, o anúncio da Comissão Eleitoral alimenta ainda mais as acusações de fraude feitas pela oposição, enquanto as forças de segurança patrulham as ruas para evitar protestos.
Durante a divulgação dos resultados das presidenciais, os membros da oposição foram retirados pela polícia da sede da Comissão Eleitoral, depois de rejeitarem as informações apresentadas pelas autoridades.
O porta-voz do MDC, Morgan Komichi, afirmou que a contagem era "falsa" e que o partido pretende contestar o resutlado nos tribunais. "Os resultados que foram anunciados não foram verificados por nós. Então os resultados são falsos", disse Komichi, antes de ser removido pela polícia do palco no anúncio oficial dos resultados em Harare.
Violência pós-eleitoral
Seis pessoas morreram na última quarta-feira (01.08), quando tropas do Exército dispararam contra militantes do MDC alegando que a votação havia sido manipulada, segundo dados da polícia zimbabueana.
Soldados e polícias limparam o centro de Harare no início do dia, gritando aos pedestres e comerciantes que deixassem a área, enquanto o MDC continuava a alegar que o ZANU-PF havia roubado a eleição.
O Governo acusou o MDC de incitar a agitação pós-eleitoral e prometeu impor uma rígida restrição às manifestações. Após as mortes pelo protesto, Mnangagwa disse no Twitter que queria uma investigação independente sobre os assassinatos, e que ele procurou resolver as diferenças "pacificamente".
Depois da violência de quarta-feira, as ruas da capital estavam mais tranquilas na quinta-feira, sob a vigilância da polícia. Entretanto, observadores eleitorais da Commonwealth emitiram uma declaração para "denunciar o uso excessivo da força contra civis desarmados". Ex-potência colonial, o Reino Unido pediu ao Zimbabué que retirasse o Exército das ruas.
Antes da violência, os observadores da União Europeia declararam que encontraram um "campo desigual e falta de confiança" no processo eleitoral.
Acusações da oposição
Mas Chamisa aumentou a pressão, acusando o governo de transformar tanques e armas em eleitores e descartando a perspectiva de um governo de unidade. "Nenhum governo de unidade. Há um governo do povo eleito pelo povo", disse ele a repórteres.
"O que eles têm tentado fazer ultimamente é brincar", disse o líder do MDC, Nelson Chamisa, a repórteres na quinta-feira. "Isso é manipulação, isso é manipulação, tentando alterar o resultado, e isso nós não permitiremos", enfatizou o rival de Mnangagwa.
"Eleições credíveis"
Nas eleições parlamentares, também realizadas na segunda-feira, o ZANU-PF venceu com facilidade e garantiu maioria absoluta no Parlamento.
Mnangagwa havia prometido uma votação livre e justa depois que os militares o levaram ao poder quando Mugabe foi forçado a renunciar. Segundo o Governo, as eleições foram organizadas de forma credível e justa, com objetivo de acabar com o isolamento internacional do Zimbabué e atrair investimentos estrangeiros para revitalizar a economia destruída.
Desde a sua independência em 1980, o país só conheceu dois chefes de Estado, ambos do Zanu-PF: Mugabe e Mnangagwa, o seu antigo vice-presidente, de 73 anos, que obteve hoje a legitimidade eleitoral.