Yoweri Museveni foi reeleito presidente no Uganda
21 de fevereiro de 2011O novo mandato de cinco anos do presidente Yoweri Museveni de 66 anos foi garantido por 68% dos votos, contra 26% de Kizza Besigye, de 54 anos. O opositor de Museweni é o seu antigo médico pessoal. Os resultados completos foram anunciados neste domingo pela comissão eleitoral. A taxa de participação foi de 59%.
Museveni melhorou o resultado obtido na eleição presidencial de 2006, quando registrou 59% dos votos. Na altura, a Corte Suprema do Uganda disse que as eleições tinham sido marcadas por fraude.
Há 25 anos no poder
Yoweri Museveni, é um dos mais antigos dirigentes africanos: conta 25 anos no poder. O antigo líder rebelde destacou o recente crescimento econômico do Uganda durante a campanha eleitoral. Porém, apenas uma pequena parcela da população recebe os benefícios deste crescimento. Um terço dos ugandeses vive abaixo da linha da pobreza.
A oposição rejeitou o resultado anunciado pela comissão eleitoral. Já antes da eleição, o adversário do presidente, Kizza Besigye, falou em fraude e convocou seus apoiantes a protestos, denunciando durante a campanha eleitoral a corrupção do regime ugandês e a falta de perspectivas econômicas para a juventude do país. A sua declaração: "Não é possível haver uma mudança harmoniosa duma ditadura militar para um governo civil. Se as instituições no país traem a população, chegou a hora de o poder voltar ao povo".
O líder da oposição dá-se por vencido
Por outro lado, Kizza Besigye já renunciou publicamente a possibilidade de levar a questão diante da Corte Suprema do Uganda. A oposição deverá se consultar nos próximos dias, segundo Besigye, para saber como acabar com um regime que o candidato derrotado chama de ilegítimo.
Em caso de protestos, o presidente Museveni anunciou que vai convocar o Exército imediatamente. Mas ele tem certeza de que não será necessário: "Não haverá aqui uma revolução como no Egito. Afinal, nós do governo lutamos pela liberdade. Ninguém mais pode tomar o poder, está fora de questão".
Missões de observação internacionais, como da União Europeia, denunciaram irregularidades na organização do escrutínio, que teria sido injusto em razão dos fundos mobilizados pelo partido governista. Um número inaceitável de pessoas teriam sido privadas do direito de voto, disseram estes observadores.
Jan-Philipp Scholz, enviado especial da Deutsche Welle ao Uganda, entrevistou neste domingo um jornalista que estava cobrindo a eleição presidencial no Uganda – aparentemente por causa de seu relato crítico, foi perseguido por soldados ugandeses, que requisitaram a câmera fotográfica e o laptop do jornalista, que trabalha para a agência chinesa Nova China e diferentes jornais no Uganda. Uma vez que Julius Odeke recusou, os militares bateram nele e atiraram na região da costela do jornalista, que está internado numa clínica no leste do país e teme por sua vida: "Ouvi que a polícia estava batendo em algumas pessoas da oposição e fui cobrir o caso. Tirei fotos. Encontrei então os militares, que me bateram com cacetetes. Atiraram em mim, não sei se as outras pessoas também sofreram tiros. Atiraram de propósito. Queriam me matar".
Autor: Renate Krieger / Carlos Martins
Revisão:António Rocha